Aviões russos e sírios bombardearam nesta quinta-feira (28) o noroeste da Síria — onde rebeldes controlam áreas próximas à fronteira com a Turquia — com o objetivo de revidar uma ofensiva insurgente que conquistou territórios pela primeira vez em anos, disseram fontes no Exército sírio e dos rebeldes.
Rebeldes liderados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham invadiram na quarta-feira (27) dezenas de cidades e vilarejos na província de Aleppo, controlada pelas forças do presidente da Síria, Bashar al-Assad.
O ataque foi o maior desde março de 2020. Naquele mês, a Rússia, que apoia Assad, e a Turquia, favorável aos rebeldes, assinaram um cessar-fogo que encerrou anos de combates que forçaram a fuga de milhões de sírios contrários ao governo.
O Exército da Síria afirmou que houve muitas baixas entre aqueles que classificaram como terroristas, que tinham realizado amplos ataques. Os militares pontuaram que estão agindo em cooperação com a Rússia e “forças amigas” para retomar os territórios e restaurar a normalidade.
Os rebeldes avançaram quase 10 quilômetros dos subúrbios de Aleppo e a poucos quilômetros de Nubl e Zahra, duas cidades xiitas onde o Hezbollah, grupo libanês apoiado pelo Irã, tem uma forte presença de milícias, ressaltou uma fonte do Exército.
O aeroporto Al-Nayrab, localizado a leste de Aleppo e onde milícias pró-Irã possuem postos de controle, também foi atacado.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.