A Polícia Civil de Pernambuco investiga um caso de homofobia após mensagens ofensivas terem sido enviadas a um passageiro de aplicativo de transporte. A ocorrência foi registrada no dia 7 de novembro, quando o coordenador financeiro Paulo Lamenha, de 35 anos, foi alvo de insultos logo após solicitar uma corrida.
A denúncia ganhou repercussão quando a vítima compartilhou o ocorrido nas redes sociais nesta terça-feira (12). Segundo a polícia, o caso é tratado como “racismo por homotransfobia” pela Delegacia da 22ª Circunscrição, de acordo com a legislação que equipara crimes de homofobia e transfobia ao de injúria racial.
Em entrevista à CNN, Lamenha explicou que o tratamento homofóbico por parte do motorista começou dois dias antes, em 5 de novembro, quando ele, que é gay, solicitou uma corrida com o motorista identificado apenas como Matheus.
Embora, segundo ele, a viagem tenha sido realizada sem intercorrências, a vítima relatou que o motorista demonstrou um comportamento ríspido durante o trajeto. “Não respondeu ao meu bom dia, ficou o tempo todo me olhando com cara fechada. Quando desci do carro, no destino, desejei um bom dia e um bom trabalho, e ele simplesmente puxou a porta com violência e saiu. Eu fui calado a viagem inteira”, contou.
Dois dias depois, em 7 de novembro, Lamenha solicitou uma nova corrida na mesma localidade, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife. Para sua surpresa, o mesmo motorista aceitou a corrida.
Quando percebeu que era o mesmo passageiro da viagem anterior, o motorista enviou mensagens ofensivas pelo aplicativo 99. “Você não passa de um pedaço de lixo na terra. Parasita, vira homem”, dizia uma das mensagens, que foi lida por Paulo logo após a corrida ser aceita.
No mesmo dia, Paulo registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil, que iniciou as investigações do caso. “Espero que outras pessoas não passem pelo que passei”, lamentou a vítima.
A legislação brasileira, conforme uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, em 2023, que atos de homofobia e transfobia sejam enquadrados como injúria racial, garantindo punições mais rigorosas para os agressores.
Denúncia
Após o caso, além de registrar a ocorrência junto à polícia, Paulo Lamenha também recorreu à plataforma 99 para denunciar o comportamento do motorista.
Em nota enviada à CNN, a empresa lamentou o ocorrido e afirmou que já tomou providências. “A 99 repudia veementemente qualquer forma de discriminação. Assim que o relato foi registrado, uma equipe foi mobilizada para apurações internas e realizou o bloqueio do motorista e contato com o passageiro para oferecer todo o suporte e acolhimento necessários.”
A 99 também destacou que “investe continuamente na capacitação e conscientização de seus motoristas parceiros” e afirmou que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.