A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos foi convincente, ampla, até esmagadora. Com os republicanos levando também o Senado e talvez a Câmara, a Suprema Corte já era de maioria conservadora antes mesmo das eleições. Ainda assim, essa grande vitória inaugura uma era de incertezas.
Começa pelo próprio Trump, que, em seu primeiro mandato, foi errático, mudava muito de opinião e de ministros e assessores, e desconfiava do próprio aparato de segurança. Vai ser assim de novo?
Desde que foi eleito pela primeira vez, a situação externa mudou muito, e não foi a favor dos Estados Unidos. Há duas guerras que ele prometeu acabar, parte de uma profunda desordem internacional. Ele vai conseguir? E como?
Igualmente complexa é a situação doméstica nos Estados Unidos. Trump traduziu melhor do que qualquer político a raiva de milhões contra as elites, o pensamento de esquerda identitário, a classe política em Washington. É o que se chama de política do ressentimento. Mas isso basta para refazer o país, como ele prometeu?
Na economia, Trump defende uma solução simples para um problema complexo: impor tarifas a todo mundo que venda para os Estados Unidos, para proteger e incentivar a indústria nacional. Vai dar certo?
Trump disse no discurso de vitória que, para vencer, superou obstáculos considerados impossíveis. Pois o mais fácil é o que acabou de ficar para trás.