O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, postou neste domingo (27) um vídeo mostrando um ataque a tiros em seu veículo. O líder indígena alega que o episódio foi uma tentativa de assassinato e que pelo menos 14 disparos foram feitos.
“Estão disparando na gente”, diz Morales, que estava no banco de passageiros durante o episódio, ao pedir ajuda pelo celular. Uma das passageiras alerta que estão disparando nos pneus. No vídeo, é possível ver pelo menos três impactos contra o para-brisas e o vidro posterior atingido e estilhaçado. O motorista acabou ferido na cabeça.
Nas redes sociais, Evo afirmou que o episódio ocorreu às 6h20 da manhã quando ele se dirigia para uma rádio onde transmite um programa aos domingos. “Fomos interceptados por dois veículos”, afirma, complementando: “desceram 4 agentes encapuzados e vestidos de preto com armas na mão e começaram a disparar”.
No vídeo também é possível ver o carro parando e Evo alertando um policial sobre o episódio. O ataque ocorre em meio a crescentes tensões devido à intimação para que o ex-presidente preste depoimento por supostas relações com uma menor de idade. Ele não compareceu, e segundo autoridades, um mandado de prisão pode ser emitido contra ele.
Em protesto contra uma iminente prisão de Evo, apoiadores do ex-presidente estão promovendo bloqueios em estradas, principalmente nas proximidades de Cochabamba.
O governo de Luis Arce afirma que as manifestações estão provocando escassez de alimentos e combustíveis.
Ex-aliado de Arce e hoje em confronto aberto com o atual presidente boliviano, Evo afirma que o processo judicial contra ele é perseguição política e nega as acusações.
Na noite deste sábado (26), a chancelaria boliviana publicou um comunicado denunciando à comunidade internacional que está “em processo” no país “uma série de ações desestabilizadoras lideradas pelo ex-presidente Evo Morales, que pretendem interromper a ordem democrática”.
O comunicado alerta que a situação constitui “uma séria ameaça não só para a Bolívia, mas também para a estabilidade e segurança” da região.
“Estas ações recrudesceram nos últimos 13 dias, com um bloqueio criminoso de estradas”, explica, denunciando a participação de “grupos violentos partidários do ex-presidente Evo Morales, em alguns casos armados, que fizeram ameaças públicas de derramamento de sangue”. O texto diz ainda que esses grupos deixaram 14 policiais feridos “com lesões graves e gravíssimas”.