O número de passageiros presos com drogas nos aeroportos brasileiros cresceu em 34%, segundo os dados mais atualizados da Polícia Federal. O total saltou de 615 em 2022 para 781 pessoas em 2023, e ainda maior neste ano, até outubro, de 828 presos.
De acordo com a PF, os principais aeroportos que registram prisões, entre 2022 e 2024, são Guarulhos (SP), com 1.210 presos; Manaus (AM), com 258; Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza, com 119 e 94, respectivamente.
A PF identificou mudança recente na forma de ocultação da droga pelo crime organizado em um ano.
No ano passado, 62% dos casos eram de droga escondida na bagagem. O número diminuiu para 42% neste ano. Em contrapartida, o total de presos que engoliram cápsulas de cocaína pulou de 9% para 28% do total de um ano para outro.
Os flagrantes de droga junto ao corpo também subiram de 13% para 23% neste ano.
De acordo com o chefe da Divisão de Repressão a Drogas da PF, delegado Osvaldo Scalezi Júnior, essa é uma migração de estratégia dos traficantes.
“Com o aumento no número de fiscalização nesse tipo de tráfico por bagagem, começamos a observar essa mudança para a parte de engolidos. E também aumentou o número de prisões por droga no corpo”, aponta.
O investigador também detalha envolvimento de servidores terceirizados dos aeroportos.
“Dessas organizações criminosas, nós identificamos que temos aquelas pessoas que recrutam os passageiros que vão efetivamente levar a droga ao exterior e temos aqueles outros também que recrutam funcionários terceirizados atuantes nos aeroportos. Esses funcionários atuam no setor de bagagem, de encomendas e também são responsáveis por enviar malas com drogas ou encomendas com drogas”, explicou à CNN.
A PF aponta, por vários motivos, que a Europa ainda é o principal destino da droga brasileira, que é vendida três vezes mais cara no continente.
Um fator novo chamou atenção dos investigadores neste ano. A França registrou 57% de todos os casos de prisões de brasileiros tentando embarcar com drogas para o exterior.
Em segundo lugar aparece Portugal, bem abaixo, com 11%; e Espanha em terceiro, com 5% dos casos.
“Em razão do fluxo da malha aérea do Brasil, hoje, a nossa principal rota de cocaína principalmente, saindo dos aeroportos, é a Europa. Os Estados Unidos não são uma rota clássica de drogas saindo do Brasil”, detalha o delegado Scalezi Júnior.
Sobre a França disparar em primeiro, os motivos são investigados pela PF, mas há suspeitas.
“Não há uma razão específica, entretanto a gente suspeita que possa ser em decorrência dos Jogos Olímpicos que ocorreram neste ano lá”, pontua o investigador.
Os dados da Polícia Federal mostram que, ao longo dos anos, os principais destinos sempre foram França e Portugal, mas neste ano o aumento para a França foi expressivo, o que despertou alerta e apuração minuciosa.
A PF, no entanto, garante que estratégias de combate ao crime organizado estão surtindo efeito, o que demonstra esse aumento no número de presos e diminuição da droga escondida nas malas.