O Hezbollah escondeu centenas de milhões de dólares em dinheiro e ouro em um bunker construído sob um hospital em Beirute, capital do Líbano, disseram os militares israelenses nesta segunda-feira (21).
Eles destacaram que não atacarão a instalação, enquanto continuam a ofensiva contra ativos financeiros do grupo.
Fadi Alameh, diretor do hospital Al-Sahel e parlamentar libanês, disse à Reuters que Israel estava fazendo acusações falsas e caluniosas e pediu ao Exército libanês que visitasse e mostrasse que só tinha salas de cirurgia, pacientes e um necrotério no local. Alameh afirmou que o hospital estava sendo desocupado.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os detalhes fornecidos pelo porta-voz-chefe do Exército israelense, o contra-almirante Daniel Hagari, de que esses dados foram coletados pela inteligência israelense durante anos.
O Hezbollah não pôde ser contatado imediatamente para comentar.
Suposto bunker para longas estadias
Em uma declaração televisionada, Hagari alegou que Hassan Nasrallah, líder morto do Hezbollah, construiu o bunker, que foi projetado para estadias longas.
“Há centenas de milhões de dólares em dinheiro e ouro dentro do bunker agora. Estou pedindo ao governo libanês, às autoridades libanesas e às organizações internacionais: não permitam que o Hezbollah use o dinheiro para o terror e para atacar Israel”, comentou.
“A Força Aérea Israelense está monitorando o complexo, como você pode ver. No entanto, não atacaremos o hospital em si”, adicionou.
O chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi, disse às tropas no Líbano que, durante a noite entre domingo (20) e segunda-feira (21), aeronaves atingiram cerca de 30 locais pertencentes ao Al-Qard al-Hassan, que Israel diz ser o braço financeiro do Hezbollah.
Hagari ponderou que mais ataques contra locais financeiros do Hezbollah serão realizados.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º de outubro marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, foi morto pelo Exército israelense no dia 16 de outubro, na cidade de Rafah.