A Secretaria Municipal de Saúde (SESMA) de Belém (PA) interditou, na manhã desta sexta-feira (18), a clínica oftalmológica São Lucas por cometer infrações sanitárias e não cumprirem exigências da pasta.
O local foi alvo de vistorias nesta semana pela Vigilância Sanitária Municipal após mais de 20 pacientes ficarem com sequelas, após serem infectados por uma bactéria em cirurgias realizadas no estabelecimento.
Segundo a SESMA, até o momento há a confirmação de ao menos três pacientes infectados pela bactéria Serratia marcescens. A causa das demais infecções dos outros casos ainda está em investigação.
Todas as vítimas haviam realizados procedimentos na clinica situada no distrito de Icoaraci. Após duas vistorias no local, foram confirmadas a existência de irregularidades.
Entre elas estão: o não cumprimento dos protocolos de segurança dos pacientes, como a higienização das mãos para controle de infecções; falta de comprovação de limpeza e esterilização dos instrumentais levados pelos médicos para realização dos procedimentos cirúrgicos na clínica; e estrutura física incompatível com o número de cirurgias realizadas.
Por conta das falhas constatadas pelo órgão, o centro cirúrgico e o Centro de Material e Esterilização (CME) da clínica foram fechados temporariamente, até que sejam atendidas as exigências da autoridade sanitária.
De acordo com a Secretaria, as investigações epidemiológicas contra a clínica ainda estão em fase inicial.
Até o momento não é possível afirmar quantos pacientes chegaram a perder a visão após serem infectados durante as cirurgias oculares.
Pacientes infectados
Ao menos 20 pacientes ficaram com sequelas após realizarem cirurgias de catarata na Clínica São Lucas e serem infectados na instalação. Na ocasião, os procedimentos ocorreram nos dias 12 de junho e 1º de julho deste ano, envolvendo um total de 81 cirurgias e 24 intercorrências.
A SESMA foi informada dos casos somente na sexta-feira da semana passada (11). No primeiro dia de cirurgias, dos 41 pacientes atendidos, dois tiveram problemas, enquanto no último dia, 22 pessoas das 40 atendidas foram afetadas.
Até o momento, a pasta afirma que não é possível afirmar quantos pacientes perderam a visão em decorrência da infecção contraída na clínica.
O órgão também reforça que as cirurgias realizadas nas datas não faziam parte de um mutirão, eram procedimentos de rotina ocorridos na clínica semanalmente.
Procurados, o Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) disse em nota que foi notificado sobre os casos e irá apurar.
A Polícia Civil do Pará também investiga o caso como crime de exercício irregular da medicina.