O vice-secretário-geral do Hezbollah, Naim Qassim, pediu aos israelenses que aceitem um cessar-fogo no Líbano ou enfrentem “dor”, enquanto o grupo libanês muda sua estratégia para atacar Israel mais forte.
“A solução é um cessar-fogo. Não estamos falando de uma posição de fraqueza. Se os israelenses não quiserem [um cessar-fogo], continuaremos [a lutar]”, advertiu.
A declaração acontece dois dias após o grupo realizar seu ataque mais mortal contra Israel desde o início da guerra, quando atingiu uma base militar perto de Haifa, matando quatro soldados e ferindo cerca de 60 pessoas.
Se um cessar-fogo for alcançado, os israelenses poderão retornar para suas casas no norte do país, destacou Qassim, ao mesmo tempo que alertou que, sem uma trégua, mais cidadãos serão deslocados “e mais de 2 milhões de pessoas estarão em perigo a qualquer momento, a qualquer hora ou dia”.
O governo de Benjamin Netanyahu adicionou no mês passado a volta dos moradores deslocados no norte do país como um objetivo de guerra.
Ataques “sem exceção”
Naim Qassim disse que a resposta do Hezbollah aos ataques israelenses no Líbano agora inclui atacar qualquer área dentro de Israel, “sem exceção”.
“Como o inimigo israelense tem como alvo todo o Líbano, temos o direito, de uma posição defensiva, de atingir qualquer ponto dentro da entidade israelense, seja no centro, norte ou sul. Escolheremos o ponto que considerarmos apropriado”, pontuou.
O principal oficial do Hezbollah comentou ainda que, apesar dos “golpes duros” que seu grupo sofreu após ataques com pagers e walkie-talkies no mês passado, ele continua forte.
Qassim também provocou os militares israelenses sobre o que ele sugeriu serem ganhos limitados em sua operação terrestre no Líbano.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º de outubro marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.
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