Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, se comparou na segunda-feira (7) a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o anúncio do Ministério Público do país de que o líder indígena foi intimado a prestar depoimento na próxima quinta-feira (10).
Na rede social X, Morales, que é investigado por supostas relações sexuais com uma menor de idade, disse estar sendo vítima de “lawfare”, ou a instrumentalização da Justiça para fins políticos.
“Já não assassinam com balas, agora promovem assassinatos morais através de sentenças contra lideranças populares”, escreveu Morales, que governou a Bolívia entre 2006 e 2019.
O ex-presidente afirma que quatro processos judiciais foram abertos contra ele desde que iniciou protestos contra o presidente Luis Arce, antes seu aliado e ex-ministro de seu governo, e agora rival político.
“Assim como Lula e Cristina [Kirchner], buscarão proscrever nossa participação nos seguintes processos eleitorais para abrir o caminho para governos de direita”, escreveu, em alusão à prisão do presidente brasileiro, que o tirou da corrida eleitoral em 2018, e da sentença de prisão emitida contra a ex-presidente argentina por suposta corrupção na contratação de obras públicas.
Investigação contra Morales
Morales é investigado por tráfico de pessoas e exploração sexual por supostamente ter tido relações com uma jovem de 15 anos em 2015, com quem teria tido uma filha. Os pais da menor também foram intimados a prestar depoimento.
A investigação contra o ex-presidente veio à tona na última quarta-feira (2), após a promotora Sandra Gutiérrez denunciar ter sido destituída depois de pedir a prisão do ex-presidente.
O Ministério Público do país expressou, por sua vez, que a destituição ocorreu devido a inconsistências processuais e conformou uma comissão de promotores especializados para investigar o caso.
A investigação foi colocada em segredo de Justiça por dez dias.
O ex-presidente diz que o caso que envolve a menor já tinha sido investigado em 2020 e foi arquivado.
Segundo ele, o atual governo utiliza contra ele “as mesmas armas” de Jeanine Áñez, presidente que assumiu após Evo ter renunciado sob pressão de militares em 2019.
“Luis Arce e seus colaboradores utilizam o mesmo caso com o que Áñez nos perseguia por um inventado estupro de menor, que foi rejeitado pela Justiça há vários anos”, escreveu na rede social X.
“É importante que a comunidade internacional saiba que esta perseguição judicial se une à série de processos contra líderes populares na última década”, manifestou.