Pelo menos 10 pessoas morreram em uma das piores enchentes que atingiram a Europa Central em décadas, à medida que a tempestade Boris passou pela região, causando mais de um mês de chuvas.
Áustria, Polônia, República Tcheca e Hungria foram alguns dos países afetados pelas chuvas extremas. O governo polonês deve declarar “estado de calamidade” nesta segunda-feira (16), depois de vários dias de chuva que devastaram áreas do sudoeste do país.
Enquanto isso do outro lado da fronteira, na República Tcheca, milhares de moradores ficaram sem água aquecida e eletricidade depois que as autoridades fecharam as usinas de aquecimento. Na cidade tcheca de Ostrava, a 15 quilômetros da fronteira com a Polônia, a usina de aquecimento Veolia foi obrigada a fechar por causa das enchentes, deixando os 280.000 habitantes da cidade sem água quente, segundo a afiliada da CNN, CNN Prima.
No último fim de semana, a Áustria registrou pelo menos oito mortes e, nesta segunda-feira (16), o país divulgou que outras duas pessoas morreram. Os dois homens, de 70 e 80 anos, respectivamente, foram encontrados mortos pelos serviços de emergência depois de ficarem presos em suas casas, disse à CNN um porta-voz do governo estadual da Baixa Áustria.
Em uma coletiva de imprensa, a governadora da Baixa Áustria, Johanna Mikl-Leitner disse “Ainda estamos sob imensa pressão, pois a situação continua altamente crítica”. A governadora ainda enfatizou que a região ‘ainda está em estado de crise’.
A Europa tem sido o continente com o aquecimento mais rápido do mundo, e esse aquecimento global vem impulsionando eventos climáticos extremos na região. Com a atmosfera mais quente, a retenção de vapor é maior o que significaria chuvas mais intensas e oceanos mais quentes que podem provocar tempestades mais fortes.
Na cidade polonesa de Nysa, a medida que o nível da água sobe nesta segunda-feira os moradores lutaram para proteger suas casas. Ainda nesta segunda-feira, pacientes de um hospital local, incluindo grávidas, tiveram que de ser retirados depois que o prefeito disse que a instalação não tinha mais condições de funcionar adequadamente, informou a TVN24, afiliada da CNN.
Imagens aéreas dramáticas também mostraram a cidade de Klodzko quase totalmente submersa, incluindo uma das pontes da cidade totalmente inacessível. As águas da inundação na cidade chegaram a 1,5 metro de profundidade, de acordo com a agência de notícias nacional polonesa PAP. Depois de ter sido convocado, o exército polonês já retirou mais de 2.600 pessoas das regiões atingidas pelas enchentes nas últimas 24 horas, disse o ministro da Defesa polonês, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, nesta segunda-feira, de acordo com a PAP.
As autoridades também estão preocupadas com a situação na cidade tcheca de Litovlje, onde 80% dos edifícios ficaram submersos. O prefeito da cidade, Viktor Kohout, disse à CNN Prima que o rio Morava deve atingir seu nível máximo às 14 horas do horário local nesta segunda-feira.
Em uma outra cidade tcheca, Jesenik, onde os moradores estão acostumados a receber visitantes em resorts, a comunidade local agora tenta lidar com as águas sujas das enchentes.
“Há muitos, muitos carros destruídos que estavam flutuando na rua. Os telefones não estão funcionando, não há água, não há eletricidade. Portanto, é difícil”, disse um morador à Reuters.
Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orbán tenta acalmar os moradores da capital, Budapeste. Em uma declaração em vídeo filmada ao longo das margens ocidentais do rio Danúbio no domingo (15), Orbán disse que os especialistas húngaros de gerenciamento de água estavam “confiantes” de que os níveis de água não excederiam os registros anteriores.
“Será difícil, mas conseguiremos”, disse Orbán, prometendo que todos os recursos necessários foram mobilizados para lidar com o aumento das águas das inundações.
A preocupação também tem aumentado em Bratislava, capital da Eslováquia, onde as autoridades estão tomando medidas de proteção para conter a subida das águas do Danúbio. A polícia vem “alertando amplamente o público sobre o perigo” de caminhar ao longo do rio, disse um porta-voz da polícia de Bratislava à CNN nesta segunda-feira.
De acordo com a comunidade científica, é provável que os eventos extremos de chuva se tornem mais frequentes e intensos à medida que o planeta se aquece.
Ao analisar um evento de chuvas fortes ocorrido em 2021 na Europa, em que mais de 200 pessoas morreram, concluiu-se que as mudanças climáticas causadas pelo homem aumentaram a probabilidade e a intensidade desses eventos na região. A iniciativa World Weather Attribution – um grupo de cientistas que estuda condições climáticas extremas e publicou a análise – concluiu que “essas mudanças continuarão em um clima de rápido aquecimento”.
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