Um ataque russo com drones e mísseis na segunda-feira (26) forçou a Ucrânia a desligar várias unidades de energia nuclear, segundo uma missão ucraniana à Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, da sigla em inglês).
A Rússia usou mais de 200 mísseis e drones no ataque de segunda-feira às instalações de energia, afirmaram autoridades ucranianas.
“A Federação Russa continua visando deliberadamente a infraestrutura energética da Ucrânia, com a intenção de interromper a operação das usinas nucleares do país, que fornecem a maior parte da eletricidade da Ucrânia”, disse a missão ucraniana na ONU nesta quinta-feira (29).
“Os ataques russos representam um risco significativo para a operação das instalações nucleares na Ucrânia e para a segurança de milhões de pessoas”, acrescentou.
A Rússia, que iniciou sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022, intensificou os ataques à rede elétrica da Ucrânia em março. Kiev alegou ter sido um esforço arquitetado para degradar o sistema antes do inverno.
A missão da Ucrânia na AIEA disse que o ataque de segunda-feira tinha como objetivo paralisar a operação das instalações de energia.
“É uma decisão pensada do regime de Putin ameaçar o mundo com uma catástrofe nuclear”, disse Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, no Telegram.
A Ucrânia não disse que a Rússia atacou diretamente as centrais nucleares, mas os ataques aos sistemas de transmissão e distribuição forçaram o operador da rede a ou reduzir a produção nas centrais nucleares ou a encerrar unidades nucleares.
A missão disse que, como resultado do ataque de segunda, três das quatro unidades de energia da central nuclear de Rivne, no oeste da Ucrânia, foram desligadas, assim como a unidade de energia 3 da central nuclear do sul da Ucrânia.
A empresa ucraniana de energia nuclear, Energoatom, não quis comentar a respeito.
Preocupações da IAEA
O Ministério da Defesa da Rússia disse, na segunda, que atingiu subestações de eletricidade em nove regiões ucranianas e estações de compressão de gás em outras três.
Autoridades ucranianas disseram que o país perdeu cerca de metade da capacidade de geração de energia durante a guerra, e a maior parte das suas necessidades energéticas são, atualmente, cobertas pela produção de três centrais nucleares da Ucrânia.
A central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa, está ocupada pelas forças russas e fora de operação.
A AIEA pediu para ambos os lados evitarem combates em torno de usinas nucleares para evitar um incidente catastrófico, e o chefe da AIEA, Rafael Grossi, disse após visitar a usina nuclear russa de Kursk na terça-feira (27) que o local apresentava risco de um acidente nuclear.
A Rússia afirma que a usina foi atacada por forças ucranianas após uma incursão surpresa no território neste mês. A Ucrânia ainda não respondeu às acusações.
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