Um importante piloto ucraniano morreu na queda de um caça F-16, fabricado nos Estados Unidos, nesta segunda-feira (26), poucas semanas depois da tão esperada chegada dos aviões ao país, segundo uma fonte militar ucraniana à CNN.
As Forças de Defesa da Ucrânia não acreditam que um erro do piloto esteja por trás do acidente, acrescentou.
O piloto Oleksiy Mes, conhecido como “Moonfish”, morreu enquanto “repelia o maior ataque aéreo” da Rússia contra a Ucrânia, disse a fonte, que compartilhou que o piloto foi enterrado nesta quinta-feira (29).
O acidente está sendo investigado e especialistas internacionais serão convidados para participar, pontuou.
A morte do piloto é um grande golpe para a Ucrânia. Os primeiros F-16 chegaram ao país no início deste mês e Moonfish foi um dos poucos pilotos treinados para pilotá-los.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na terça-feira (27) que a Força Aérea Ucraniana usou o F-16 para destruir mísseis e drones lançados pela Rússia na segunda – sendo esta a primeira vez que uma autoridade ucraniana confirmou que os jatos estavam sendo usados em combate.
Kiev esperou muito tempo para obter os F-16, Zelensky tem pedido aos seus aliados ocidentais os caças desde o início da invasão em grande escala.
Mas, assim como acontece com outros equipamentos, os países ocidentais hesitaram antes de finalmente concordarem em fornecer os caças.
Os Países Baixos e a Dinamarca comprometeram-se em fornecê-los no início do verão de 2023, mas foram necessárias mais algumas semanas para que os Estados Unidos permitissem a transferência.
Quando chegaram no inicio do mês, Zelensky disse que ele e o seu governo realizaram “centenas de reuniões e negociações” para garantir a segurança dos jatos.
Um grupo de pilotos ucranianos realizou o treinamento do F-16 nos EUA no outono. Apesar deste treinamento em questão poder levar anos, Moonfish e outros profissionais o fizeram em seis meses.
A Ucrânia espera que o F-16 dê um impulso ao país.
Os jatos são multifuncionais: podem fornecer cobertura aérea para tropas, atacar alvos terrestres, enfrentar aviões inimigos e interceptar mísseis. Com o armamento certo, os F-16 poderiam impedir os caças-bombardeiros russos de se aproximarem do campo de batalha.
Ainda assim, os jatos não são uma solução mágica. A Ucrânia consegue usá-los para evitar controle aéreo por parte da Rússia, mas os especialistas dizem que as capacidades dos F-16 são inferiores às dos aviões modernos de combate russos, que provavelmente sairiam vitoriosos em uma batalha.
Saiba mais sobre Moonfish, o piloto ucraniano
Moonfish e outro piloto Andriy Pilshchikov, conhecido por “Juice”, tornaram-se os rostos da campanha da Ucrânia para obter os F-16. Jovens e animados, falavam bem inglês e estavam dispostos a lutar para levar os F-16 dos EUA aos céus ucranianos.
Voar no F-16 era o sonho deles e quando Juice morreu em um acidente de avião durante uma missão de combate em agosto passado, Moonfish estabeleceu como objetivo realizá-lo.
Dos dois, Moonfish era o quieto: um geek da aviação que não gostava de publicidade. Mas quando Juice morreu, Moonfish teve que tomar o seu lugar. Em uma rara entrevista à CNN, ele admitiu que se Juice estivesse vivo, ele estaria dando entrevistas.
Um homem de poucas palavras, apaixonado pelo seu trabalho e que tinha as emoções sob controle, ele era uma pessoa objetiva, que sabia tudo sobre os F-16.
“Andriy era o ‘homem das ideias’ e a principal força por trás de tudo”, disse Moonfish. “E me sinto responsável, por ele, para garantir a chegada desses aviões”.
Em entrevista à CNN durante o treinamento, ele disse que era necessário que ele e outros pilotos ucranianos passassem por uma versão mais rápida do treinamento. “Teríamos muito tempo para estudar o F-16 completamente em tempos de paz, mas não temos tempo”, argumentou ele.
Em um comunicado divulgado nesta quinta, a Força Aérea Ucraniana disse que Moonfish destruiu três mísseis de cruzeiro e um drone de ataque na segunda, antes de morrer no acidente. A Força Aérea disse que ele foi condecorado postumamente com o posto de coronel.
Kosta Gak, da CNN, contribuiu com esta matéria.
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