Basem Naim, membro do escritório político do Hamas, disse que o grupo acolhe a tentativa de pausa nos combates na Faixa de Gaza para implementar uma campanha de vacinação contra poliomielite.
“Estamos prontos para cooperar com organizações internacionais para garantir esta campanha”, acrescentou.
Israel concordou com pausas na batalha para permitir que crianças pequenas sejam vacinadas contra a doença, de acordo com um representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Cisjordânia e Gaza e com autoridades israelenses.
Rik Peeperkorn informou em coletiva de imprensa que a pausa começaria em 1º de setembro e seria dividida em três fases de três dias e por zonas.
“Temos um compromisso preliminar para pausas humanitárias específicas da área durante a campanha”, pontuou, acrescentando que elas serão implementadas primeiro no “centro de Gaza por três dias, seguido pelo sul e depois pelo norte”.
Campanha quer vacinar cerca de 640 mil crianças
O objetivo da campanha de imunização é vacinar cerca de 640 mil crianças menores de 10 anos com duas doses cada. De acordo com Peeperkorn, 1,26 milhão de doses de vacinas e 500 carregadores de vacinas já foram entregues a Gaza.
Desde o início da guerra, a cobertura vacinal contra a poliomielite na Faixa de Gaza caiu para pouco mais de 80%. Peeperkorn disse na coletiva de imprensa da ONU que mais de 90% de cobertura é necessária para interromper o surto no território palestino.
Ele alertou que os períodos de três dias “podem não ser suficientes para atingir a vacinação adequada”, acrescentando que “foi acordado que, quando necessário, a campanha será estendida por um dia por zona, ou até mais quando necessário”.
A poliomielite afeta principalmente crianças menores de cinco anos e pode causar paralisia irreversível e até a morte. É altamente infecciosa e não há cura; só pode ser prevenida pela imunização, de acordo com a OMS.
O ressurgimento do vírus — eliminado na maior parte do mundo “desenvolvido” — destaca as lutas enfrentadas pelos dois milhões de moradores de Gaza, que vivem sob bombardeio israelense desde outubro do ano passado.
Muitas pessoas no território não têm acesso a alimentos, suprimentos médicos e água limpa. Além disso, até 90% da população foi deslocada internamente.