O reitor titular do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, Juan Delpino, reconheceu, nesta segunda-feira (26), irregularidades no dia das eleições presidenciais que teriam comprometido o resultado apresentado pelo CNE, que proclamou o triunfo do presidente Nicolás Maduro.
“Tudo o que aconteceu antes, durante e depois das eleições presidenciais aponta a gravidade da falta de transparência e veracidade dos resultados”, afirmou.
Delpino quebrou o silêncio dois dias antes do marco de um mês após as eleições de 28 de julho.
A declaração de Delpino marca a primeira vez que alguém do próprio sistema eleitoral venezuelano aponta falhas no processo que garantiu a reeleição de Maduro.
Ele contou que não havia se pronunciado, mas, desde o dia seguinte à votação, manteve uma posição de discordância com a falta de transparência no processo.
“Lamento profundamente que o resultado e o seu reconhecimento não sirvam a todos os venezuelanos”, disse o reitor em comunicado publicado em sua conta X (antigo Twitter).
“Que não resolvam as nossas diferenças e não promovam a unidade nacional e que, em vez disso, existam dúvidas subjacentes entre a maioria dos venezuelanos e na comunidade internacional sobre o resultados”, completou.
Mantengo mi compromiso inquebrantable con el pueblo venezolano 🇻🇪. pic.twitter.com/IOsMaBRz4A
— Juan C Delpino (@delpinojuan) August 26, 2024
Entre as principais denúncias sobre as eleições, Delpino destacou a falta de transmissão dos resultados no fechamento dos locais de votação, justificada pelo partido no poder devido a um suposto hackeamento, e o fechamento de locais de votação com as testemunhas da oposição sendo retiradas do recinto.
“Constituiu uma violação direta dos princípios da equidade e da não observância dos direitos dos eleitores de terem acesso às atas”, disse.
Delpino destacou que os especialistas internacionais concordaram que os padrões nacionais e internacionais de transparência e legalidade não foram cumpridos.
Após a decisão do Supremo Tribunal venzuelano que ratificou a vitória de Maduro, vários países reforçaram os seus pedidos de transparência com a apresentação e verificação das atas com os resultados desagregados das votações que demonstrem a vitória de Maduro anunciada pela CNE.
Em entrevista ao New York Times, Delpino acrescentou que se sente envergonhado e pediu desculpa aos seus concidadãos por não ter concretizado um plano para “ter eleições aceitas por todos”.
A CNN tenta contatar o governo da Venezuela para comentar estas declarações de Delpino.