As operações de ajuda da Organização das Nações Unidas foram paralisadas em Gaza nesta segunda-feira (26) depois da nova ordem de retirada de Israel para Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, região na qual o centro de operações da ONU está localizado, disse uma autoridade sênior da Organização.
A ordem de retirada chegou quando a ONU se preparava para começar, no sábado (24), a campanha de vacinação de cerca de 640 mil crianças em Gaza.
A Organização Mundial da Saúde disse que um bebê de 10 meses foi infectado pelo vírus da pólio tipo 2, no primeiro caso no território em 25 anos.
“Estamos incapazes de trabalhar hoje com as condições que temos”, disse uma autoridade sênior da ONU, falando sob a condição de anonimato. “Não estamos operando em Gaza desde essa manhã”.
A ONU realocou o seu principal centro de operações na Faixa de Gaza e a maior parte do seu pessoal para Deir Al-Balah, disse a autoridade, depois que Israel ordenou a evacuação de Rafah no sul de Gaza vários meses atrás.
“Para onde vamos agora?” perguntou a autoridade, acrescentando que a equipe da ONU teve que se mudar tão rapidamente que deixou equipamentos para trás.
A unidade humanitária do exército israelense (Cogat) não respondeu imediatamente ao pedido de comentário.
A autoridade sênior da ONU disse que a equipe da organização no território foi instruído a procurar maneiras para seguir em funcionamento e que as operações da Organização não foram formalmente suspensas.
“Não estamos abandonando (Gaza) porque as pessoas precisam de nós aqui”, disse a autoridade. “Estamos tentando balancear a necessidade das pessoas com a segurança do pessoal da ONU”.
Sam Rose, diretor de campo sênior da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), disse que a UNRWA ainda estava conseguindo oferecer serviços de saúde e outros nesta segunda-feira, mas acrescentou que, ainda que a agência atue de maneira diferente do restante da ONU, ainda enfrenta os mesmos desafios.
“Estamos sendo colocados em áreas ainda menores em Gaza”, ele disse a repórteres na segunda-feira. “A zona humanitária declarada por Israel diminuiu. É agora cerca de 11% do total da faixa de Gaza, mas não se trata de 11% do território que é adequado para habitação, para serviços, para a vida”.
Ajuda alimentar pela metade
“A resposta humanitária aqui está sendo estrangulada e a nossa capacidade de agir está muito limitada”, disse Louise Wateridge, porta-voz da UNRWA em Gaza, na segunda-feira.
O programa mundial de alimentos da ONU (WFP) disse na segunda que, nos últimos dois meses, conseguiu “trazer apenas metade das 24 mil toneladas de comida e auxílio necessárias para atender 1,1 milhão de pessoas”. A WFP disse que sofre com a piora do conflito, número limitado de travessias e estradas destruídas.