Pelo terceiro dia seguido, Manaus amanheceu encoberta por uma densa camada de fumaça nesta segunda-feira (12). O fenômeno, que tem se tornado cada vez mais comum nesta época do ano, é resultado direto do aumento das queimadas no período de seca, que vai geralmente de julho até novembro.
Com a redução das chuvas e a intensificação das atividades de desmatamento e queimadas ilegais, áreas de floresta e campos são frequentemente incendiadas, liberando grandes quantidades de fumaça e material particulado na atmosfera. Essa fumaça é carregada pelos ventos e acaba chegando à capital amazonense, comprometendo a qualidade do ar e a visibilidade na cidade.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Amazonas registrou um aumento significativo no número de focos de incêndio registrados nos primeiros 11 dias de agosto. Foram 3.043 focos de incêndio detectados no período este ano, um aumento de 190% quando comparado aos 1.046 focos registrados no mesmo período do ano passado.
Além disso, julho deste ano bateu o recorde de focos de incêndio registrados no mês no estado do Amazonas. Ao todo, foram detectados 4.072 focos de queimada, número que supera o recorde anterior de 2.119 focos, em julho de 2020.
A situação atual lembra episódios críticos ocorridos em 2023, quando a fumaça das queimadas chegou a cobrir Manaus por vários dias consecutivos, gerando uma série de problemas para a população. Naquele ano, a cidade registrou índices alarmantes de material particulado no ar, obrigando muitas pessoas a buscarem atendimento médico devido a complicações respiratórias.
Especialistas alertam que a exposição prolongada à fumaça pode agravar doenças respiratórias pré-existentes, como asma e bronquite, além de causar irritação nos olhos, garganta e nariz. Com a qualidade do ar comprometida, recomenda-se que a população evite atividades ao ar livre e, se possível, mantenha portas e janelas fechadas.
A CNN entrou em contato com o governo do Amazonas, que enviou uma nota:
O Governo do Amazonas informa que a fumaça na capital amazonense, nesta segunda-feira (12/08), é oriunda principalmente de queimadas no Sul do Amazonas, registradas em sua maioria em assentamentos e áreas sob fiscalização federal. No fim de semana (dia 10 a 11), 74% das queimadas ocorreram em territórios federais, seguido por 14% em vazios cartográficos, sendo apenas dois focos registrados na Região Metropolitana de Manaus.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também demonstram que, em agosto, mais de 82,55% das ocorrências de focos de calor incidem em áreas federais, 9,7% em áreas não destinadas e 7,6% em áreas de gestão do Estado.
O Governo do Amazonas tem realizado, desde o início do ano, uma série ações de prevenção e combate as queimadas no estado, concentrando tais esforços nas áreas sob fiscalização do Estado. O Corpo de Bombeiros opera desde junho no sul do Estado, por meio da Operação Aceiro, com mais de 300 agentes atuando na região, que entre 3 de junho e 9 de agosto, combateu mais de 5 mil focos de incêndios.
Nesta segunda-feira, o Governo do Estado entregou viaturas de combate a incêndio, que serão utilizadas no combate às queimadas. Desde o início do ano já foram entregues 16 viaturas para atuar exclusivamente no combate às queimadas no interior do estado.
Atuam também na região do Sul do Amazonas o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) no combate aos crimes ambientais, com foco nas áreas Estaduais, que nas quatro fazer da Operação Tamoiotatá já aplicaram mais de R$ 70 milhões em multas por crimes ambientais.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) também realiza o monitoramento em Unidades de Conservação (UCs) estaduais que são a gestão direta da pasta. O Governo do Estado reforça ainda que tem dado apoio às ações de fiscalização dentro das áreas federais.