A crise eleitoral na Venezuela tem se revelado o maior desafio para a política externa brasileira durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo avaliação do ex-embaixador Rubens Barbosa.
Em participação no programa WW da CNN Brasil, o atual presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) fez uma análise crítica sobre a postura do governo brasileiro frente à situação no país vizinho.
Barbosa destacou que a única coordenação visível entre os países interessados na questão venezuelana, incluindo Estados Unidos, nações latino-americanas e União Europeia, é a cobrança pela divulgação das atas eleitorais. No entanto, o diplomata considera que essa medida não é suficiente para resolver o impasse.
Críticas à postura brasileira
O ex-embaixador criticou a posição do Itamaraty e do Palácio do Planalto, que defendem o diálogo como solução para a crise. Segundo ele, “não há uma mediação possível a partir da entrega das atas, porque se prevalecer a posição do Brasil, é o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela que vai julgar”.
Barbosa também apontou para um possível viés ideológico na condução da política externa brasileira. Ele lembrou que, antes mesmo da eleição, o presidente Lula havia declarado que o Brasil respeitaria o resultado do pleito venezuelano, o que, na visão do diplomata, já indicava um “pré-julgamento” da situação.
Teste para a diplomacia brasileira
“Eu acho que esse caso da Venezuela é o maior teste da política externa nesse ano e meio do governo Lula”, afirmou Barbosa. O ex-embaixador ressaltou que o desfecho dessa situação será crucial para demonstrar se a política externa brasileira está “vinculada a uma ideologia, a um partido político, ou está defendendo o interesse do Brasil”.
O diplomata também questionou as declarações do assessor internacional do presidente sobre a possibilidade de uma guerra civil na Venezuela. Barbosa argumentou que tal cenário seria improvável, considerando que a população está desarmada e o governo detém todo o aparato militar, legal, legislativo e judiciário.
A postura do governo brasileiro em relação à crise venezuelana continua sendo objeto de debate e análise, tanto no cenário doméstico quanto internacional. A forma como o Brasil lidará com essa situação nos próximos meses poderá ter impactos significativos em sua política externa e em suas relações com os países vizinhos.
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