A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, denunciou nesta quarta-feira (7) a prisão da coordenadora de campanha da coalizão de Edmundo González, María Oropeza. A dirigente partidária atuava no estado de Portuguesa, onde teria sido detida no início da madrugada.
“O regime acaba de levá-la à força e não sabemos aonde ela se encontra. Sequestraram ela! Peço a todos, dentro e fora da Venezuela, que exijam sua libertação imediata”, afirmou Corina Machado numa publicação no X.
Também no X, a coalizão opositora publicou um vídeo do suposto momento em que os policiais entram na casa de Oropeza para realizar a prisão. A gravação parece ter sido feita a partir de uma transmissão ao vivo nas redes sociais.
.🚨 #Urgente | Funcionarios de la DGCIM, detuvieron a María Oropeza, jefe del comando de campaña ConVzla en Portuguesa.
Ingresaron a la fuerza y sin orden judicial.
Alertamos a la comunidad internacional de esta situación. El régimen es responsable de su integridad física. pic.twitter.com/lIi0pwSlyg
— DDHH Vente Venezuela (@VenteDDHH) August 7, 2024
Pessoas com deficiência estão entre os presos
Pelo menos três pessoas com deficiência estão sendo processadas na Venezuela, informou a Confederação de Surdos da Venezuela (Consorven) num comunicado, no qual manifestou a sua preocupação com as detenções das últimas horas no país.
O movimento político de oposição Vente Venezuela fez eco a esta denúncia e destacou a prisão de Daniel Rojas, um jovem surdo de 27 anos detido na semana passada em Caracas.
O cidadão foi interceptado pela Guarda Nacional Bolivariana quando saía do trabalho no sudoeste da capital venezuelana, em meio às manifestações contra os resultados oferecidos pelo Conselho Nacional Eleitoral que declararam como vencedor o atual presidente Nicolás Maduro, segundo o Consorven.
Rojas foi levado a um quartel da polícia e depois transferido para a prisão de Yare, no estado de Miranda, disse à CNN um porta-voz da confederação. Neste caso o jovem não utiliza linguagem gestual nem sabe ler e escrever.
A CNN está tentando determinar se Rojas tem representação legal.
A CNN contatou também a família do jovem, que até agora não quis prestar declarações por receio de represálias, e contatou representantes do Ministério Público, que se recusaram a comentar sobre os detidos.
Outro jovem, desta vez com autismo, também foi detido nesse mesmo dia em Los Teques, capital do estado de Miranda, detalhou a ONG, mas não forneceu a sua identidade. Nesse caso ela também teria sido abordada no final do expediente de trabalho.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou que todos os detidos têm os seus direitos e a presunção de inocência respeitados. “Dos detidos, das centenas de detidos que existem, garantimos um julgamento justo, um processo justo”, disse Saab em conferência de imprensa na semana passada.
A Consorven, entidade que se dedica ao atendimento de surdos e pessoas com outras deficiências, também garantiu que um terceiro jovem foi preso em Caracas por aparecer num vídeo, acusado de perturbar a ordem pública.
Segundo relatos, o jovem, que também não foi identificado, apresenta dificuldades de aprendizagem e memória de curto prazo.
A organização não governamental instou o Estado venezuelano a respeitar os direitos e garantias constitucionais das pessoas com deficiência contemplados na Constituição venezuelana e nos tratados internacionais assinados pelo país.
Até o momento, a ONG Foro Penal registrou 1.102 pessoas privadas de liberdade desde 29 de julho, das quais 100 são adolescentes e cinco são indígenas.