O diretor-geral do departamento de polícia de Gaza, Mahmoud Salah, e seu assistente, Hussam Shahwan, foram mortos em ataques aéreos israelenses nesta quinta-feira (02), segundo o Ministério do Interior de Gaza. Além dos dois, pelo menos 54 outros palestinos também morreram.
Entre as vítimas, estão 11 pessoas em um acampamento de tendas que abriga famílias deslocadas no distrito de Al-Mawasi, designado anteriormente como uma zona humanitária para civis na guerra entre Israel e o grupo Hamas, agora em seu décimo quinto mês.
“Ao cometer o crime de assassinar o diretor-geral de polícia na Faixa de Gaza, a ocupação insiste em espalhar o caos no enclave e em aprofundar o sofrimento humano de cidadãos”, declarou o ministério em um comunicado.
As forças militares israelenses alegaram ter conduzido o ataque baseado em inteligência em Al-Mawasi, a oeste da cidade de Khan Younis, e eliminaram Shahwan, chamando-o de líder das forças de segurança do Hamas no sul de Gaza. Nenhuma menção a respeito da morte de Salah foi feita.
Outros ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 43 palestinos, incluindo seis na sede do Ministério do Interior em Khan Younis e outros no campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza, e nos campos de Shati e Maghazi.
Israel afirmou que teve como alvo militantes do Hamas que, segundo órgãos de inteligência israelenses, estavam operando em um centro de comando e controle “integrado no interior do edifício da municipalidade de Khan Younis, na área humanitária”.
“Com o início do ano, recebemos relatórios de um novo ataque em Al-Mawasi que deixou dezenas de pessoas mortas, mais um lembrete de que não há zona humanitária, muito menos zona segura (em Gaza)”, escreveu Philippe Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, em publicação no X.
Lazzarini acrescentou a publicação dizendo, “cada dia sem um cessar-fogo irá trazer mais tragédia”.
#Gaza #Ceasefirenow pic.twitter.com/kNjMG10EEP
— Philippe Lazzarini (@UNLazzarini) January 2, 2025
Perguntado sobre o número de mortos reportado nesta quinta-feira (02), um porta-voz das forças de Israel afirmou que segue a legislação internacional na batalha travada em Gaza e que tomou “precauções para minimizar o dano civil”.
Ainda nesta quinta, outros ataques aéreos israelenses mataram pelo menos quatro pessoas na Rua Jala no centro de Gaza e duas no distrito Zeitoun, relataram médicos.
Israel acusa militantes de Gaza de usarem áreas residenciais para cobertura, o que o Hamas nega.
Aliados menores do Hamas, o grupo Jihad Islâmica informou que disparou foguetes em direção à comunidade israelense Holit, perto de Gaza, também nesta quinta-feira. O governo de Israel afirmou que interceptou um projétil na área que havia sido disparado do sul de Gaza.
Entenda o conflito na Faixa de Gaza
Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.
O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.
Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.
A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.
A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertos.