A Rússia está disposta a trabalhar com o governo de Donald Trump para melhorar as relações com os Estados Unidos, mas cabe aos americanos dar o primeiro passo nesta direção, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
“Se os sinais que vêm da nova equipe em Washington para restaurar o diálogo que o país interrompeu após o início da operação militar especial [guerra na Ucrânia] forem sérios, é claro, responderemos a eles”, destacou Lavrov a repórteres em Moscou.
“Mas os americanos romperam o diálogo, então deveriam dar o primeiro passo”, ponderou o ministro.
Trump, que assumirá a Presidência em 20 de janeiro, se autodenomina mestre negociador e prometeu acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia, mas não explicou como conseguiria fazer isso.
O tenente-general aposentado Keith Kellogg, indicado por Trump para ser o enviado de seu governo à Ucrânia, afirmou à Fox News em 18 de dezembro que ambos os lados estão prontos para negociações de paz.
Ele também alegou que Trump está em uma posição perfeita para executar um acordo para acabar com a guerra.
Crise entre EUA e Rússia
Autoridades dos EUA retrataram a Rússia como uma autocracia corrupta que é a maior ameaça de Estado-nação aos Estados Unidos.
Também alegaram que o país tentou interferir nas eleições dos EUA, prendeu cidadãos americanos sob falsas acusações e executou campanhas de sabotagem contra aliados de Washington.
Autoridades russas afirmam que os Estados Unidos são uma potência em declínio que tem ignorado repetidamente os interesses russos desde a dissolução da União Soviética em 1991, enquanto semeiam discórdia dentro do país em uma tentativa de dividir a sociedade russa e promover os interesses americanos.
Entenda a guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin.
Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.
Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.