Mais de 700 pessoas foram mortas em al-Fashir, no Estado de Darfur do Norte, no Sudão, desde maio, informou o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, nesta sexta-feira (20), implorando ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF na sigla em inglês) que interrompa o cerco à cidade.
O cerco e “os combates implacáveis estão devastando vidas todos os dias em grande escala”, expressou Turk, em um comunicado.
“Essa situação alarmante não pode continuar. As Forças de Apoio Rápido devem acabar com esse cerco horrível”.
O escritório de Direitos Humanos da ONU afirma ter documentado a morte de pelo menos 782 civis, além de mais de 1.143 pessoas terem ficado feridas desde maio, citando evidências baseadas em partes em entrevistas com pessoas que fugiram da área.
O escritório relatou que as baixas ocorreram em meio a bombardeios regulares e intensos da RSF em áreas residenciais densamente povoadas, bem como ataques aéreos recorrentes das Forças Armadas do Sudão.
Tais ataques a civis podem ser considerados crimes de guerra, explicou o escritório de Direitos Humanos da ONU.
Ambos os lados negaram repetidamente que estivessem atacando deliberadamente civis e acusaram um ao outro de fazê-lo em al-Fashir e arredores.
O Exército sudanês e a RSF estão em conflito há mais de 18 meses, desencadeando uma profunda crise humanitária, na qual mais de 12 milhões de pessoas foram expulsas de suas casas e as agências da ONU têm enfrentado dificuldades para prestar socorro.
Al-Fashir é uma das linhas de frente mais ativas entre a RSF e o Exército sudanês e seus aliados, que estão lutando para manter um último ponto de apoio na região de Darfur.
Especialistas temem que uma vitória da RSF nessa região possa trazer uma retaliação étnica, como aconteceu em Darfur Ocidental no ano passado.
No início deste mês, o grupo paramilitar atacou o hospital principal, matando pelo menos nove pessoas, segundo moradores.
O campo de Zamzam, nas proximidades, onde especialistas afirmam estar ocorrendo uma onda de fome entre uma população de mais de meio milhão de pessoas, também foi alvo de fogo de artilharia da RSF nas últimas duas semanas, forçando milhares de pessoas a deixar o campo.