O governo dos Estados Unidos anunciou uma meta agressiva para reduzir sua poluição na próxima década — uma meta que deve ser revertida pelo presidente eleito Donald Trump em seus primeiros dias no cargo.
A nova meta ambiciosa visa reduzir a poluição climática dos EUA para 61 a 66% abaixo dos níveis de 2005 até 2035.
Em contrapartida, Trump afirmou que pretende perfurar mais petróleo e gás, destruir regulamentações climáticas federais e tentar anular a lei de energia limpa de Biden.
Uma nova meta é exigida a cada cinco anos pelo Acordo Internacional de Paris, do qual Trump prometeu mais uma vez retirar os EUA.
Biden fez do clima uma das peças centrais de sua Presidência — ao anunciar a meta dos EUA bem antes de sua data de vencimento em fevereiro de 2025, o governo está sinalizando o caminho que o país deveria seguir mesmo sob o comando do republicano.
“Estamos confiantes na capacidade dos Estados Unidos de se unirem em torno dessa nova meta climática, porque, embora o governo federal dos EUA sob o presidente Trump possa deixar a ação climática em segundo plano, o trabalho para conter as mudanças climáticas continuará nos Estados Unidos com comprometimento, paixão e crença”, afirmou o conselheiro sênior da Casa Branca, John Podesta, aos repórteres.
“Isso não é ilusão. Já aconteceu antes”, adicionou.
Grupos fazem alerta sobre meta climática dos EUA
Porém, algumas análises independentes não são tão otimistas. Se Trump revogar com sucesso a lei climática de Biden e desfazer regulamentações importantes, os EUA só conseguirão reduzir a poluição em 24 a 40% abaixo dos níveis de 2005 na próxima década, de acordo com o grupo de estudos climáticos apartidário Rhodium Group.
“Para essa nova e muito ambiciosa meta para 2035, não estamos no caminho certo — e provavelmente estaremos ainda mais fora do caminho sob uma administração Trump”, advertiu Kate Larsen, que lidera a pesquisa internacional de energia e clima da Rhodium.
Larsen observou que os EUA cortaram suas emissões durante o primeiro mandato de Trump e ressaltou que provavelmente farão isso novamente. Mas o ritmo de redução da poluição que aquece o planeta é realmente o que importa, ela observou.
“Cada ano que adiamos a tomada de medidas suficientemente ambiciosas significa que nos anos subsequentes precisaremos ir ainda mais longe, mais rápido”, pontu Larsen.
“A falta de novas políticas, a incapacidade de defender a política que temos em vigor hoje, prejudicará esses esforços”, concluiu.
Altos funcionários do governo Biden ponderaram que a meta ambiciosa considerou o fato de que o governo Trump provavelmente “correrá para o outro lado” e depende fortemente de estados e empresas.
Especialistas do clima disseram que há uma grande incerteza sobre o que os próximos quatro anos trarão para a política climática dos EUA.
Não está claro se Trump será capaz de convencer os republicanos do Congresso a rejeitar a lei de energia limpa de Biden, que está despejando bilhões de dólares e criando milhares de empregos nos distritos republicanos.
Energias renováveis como eólica e solar são muito mais baratas do que combustíveis fósseis, e o número de veículos elétricos nas estradas está crescendo.
“Precisamos nos mover o mais rápido possível em relação ao clima. Mas acho que algum progresso está embutido”, comentou Robbie Orvis, diretor sênior de modelagem e análise do think tank Energy Innovation.
Biden supervisionou um projeto de lei sobre clima e energia limpa e orientou suas agências federais a lançar regulamentações ambiciosas cortando gases de efeito estufa de veículos, usinas de energia e operações de petróleo e gás.
Em uma declaração, o presidente disse que estava “orgulhoso” de supervisionar “a agenda climática mais ousada da história americana”.
Entretanto, os EUA estão a caminho de ficar aquém da meta que Biden anunciou no início de sua Presidência – cortar 45% de sua poluição climática até o final desta década, em vez dos 50 a 52% estabelecidos na meta.
Especialistas disseram que é fundamental para o governo Biden definir uma meta forte, enquanto outros países altamente poluentes, incluindo a China, preparam suas próprias metas climáticas.
“Acho que é um sinal muito importante. Os EUA estão demonstrando que estamos lá como parceiros do resto do mundo, definindo essa visão de longo prazo — mesmo que nos próximos quatro anos não tenhamos um governo federal completo organizado para atingir isso”, ressaltou Larsen.
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