O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse nesta quarta-feira (18) que teve uma nova discussão com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a proposta francesa de enviar tropas para a Ucrânia.
“Compartilhamos uma visão comum: garantias confiáveis são essenciais para uma paz que possa realmente ser alcançada”, escreveu Zelensky no X.
“Continuamos a trabalhar na iniciativa do presidente Macron com relação à presença de forças na Ucrânia que poderiam contribuir para estabilizar o caminho para a paz”, ele acrescentou.
O presidente ucraniano está em Bruxelas para reuniões com o chefe da Otan e líderes europeus. Ele se encontrou com Macron para uma reunião informal à margem da cúpula.
Zelensky havia mencionado anteriormente a possibilidade de discutir o envio de tropas estrangeiras de manutenção da paz na Ucrânia durante seu tempo na Bélgica.
A questão foi levantada pela primeira vez pelo presidente francês em fevereiro, mas nenhum consenso foi alcançado entre os líderes europeus sobre o assunto.
A reunião acontece em um momento crucial, pois a Ucrânia pede que seus aliados fortaleçam o apoio tanto no campo de batalha quanto diplomaticamente antes de quaisquer possíveis negociações com a Rússia.
Reunião de Zelensky com chefe da Otan
O presidente ucraniano conversou com o secretário-geral da Otan Mark Rutte e outros líderes europeus nesta quarta-feira, visando obter ajuda imediata para reforçar o esforço de guerra de Kiev e discutir garantias de segurança de longo prazo.
Zelensky disse aos repórteres que as conversas desta quarta-feira em Bruxelas e uma discussão com os 27 líderes nacionais da União Europeia marcadas para esta quinta-feira (19) seriam “uma ótima oportunidade para falar sobre garantias de segurança para a Ucrânia hoje e amanhã”.
Enquanto os líderes europeus insistem que estão se concentrando nas necessidades imediatas da Ucrânia, algumas autoridades começaram a discutir como garantir a segurança do país após a guerra parar, incluindo a possibilidade de mobilizar tropas europeias.
As conversas desta quarta-feira ocorreram com a Ucrânia na defensiva no campo de batalha e a incerteza pairando sobre o futuro apoio dos EUA, enquanto o presidente eleito Donald Trump pressiona por um fim rápido para a guerra e pediu um cessar-fogo imediato.
Rutte disse que as negociações se concentrariam em garantir que a Ucrânia esteja “na melhor posição possível” sempre que decidir entrar em negociações de paz, fornecendo mais sistemas de defesa aérea e outras armas para impulsionar a luta de Kiev contra a invasão da Rússia.
Rutte e Zelensky foram posteriormente acompanhados por um grupo de outros líderes europeus.
A Otan não disse quem participaria dessas negociações. Mas diplomatas afirmaram que incluiriam o chanceler alemão Olaf Scholz, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o presidente polonês Andrzej Duda, os ministros das Relações Exteriores francês e britânico e os principais funcionários da UE Ursula von der Leyen e Antonio Costa.
Tropas britânicas
O Ministro das Relações Exteriores britânico David Lammy pediu aos aliados europeus que “aumentassem” seu apoio à Ucrânia para colocar o país na “posição mais forte possível” para 2025.
Lammy estava em Bruxelas, na Bélgica, nesta quarta-feira para se encontrar com Zelensky, o secretário-geral da Otan e outros aliados europeus para discutir apoio militar e financeiro, bem como treinamento militar, ele disse.
Questionado sobre como a Grã-Bretanha responderia se Zelensky pedisse que tropas britânicas fossem enviadas para a Ucrânia, Lammy afirmou à Sky News que não viu nenhum sinal de que o presidente russo Vladimir Putin estivesse pronto para negociar.
“A discussão é sobre equipar a Ucrânia para os próximos dias. É por isso que nos reunimos neste momento muito sombrio para garantir que a Ucrânia passe pelo inverno e entre em 2025”, disse ele.
“Sei que há muita especulação, mas a verdade é que Putin não é um homem com quem você pode negociar quando ele está causando tanto caos em solo europeu neste momento”, acrescentou. “É à força que Vladimir Putin responderá.”
Moscou intensificou os ataques às forças ucranianas que lutam para manter um território na região de Kursk, na Rússia, e aumentou a pressão na região oriental de Donetsk, na Ucrânia, disse o principal comandante do exército ucraniano na terça-feira (17).
À medida que a guerra se aproxima do quarto ano, as tropas ucranianas estão em menor número ao longo da linha de frente de 1.170 km.