Joseph Corcoran, condenado por um homicídio quádruplo em 1997, foi executado em Indiana nesta quarta-feira (18) de manhã, anunciaram autoridades da prisão estadual, marcando a primeira execução do estado em 15 anos.
Corcoran foi declarado morto às 00h44, segundo o Departamento de Correções de Indiana, informou a WPTA, afiliada da CNN. Suas palavras finais foram: “Na verdade, não. Vamos acabar logo com isso.”
A execução, conduzida com uma dose letal de pentobarbital, representa a primeira execução estadual de Indiana desde 2009.
Em seus últimos momentos, ele foi acompanhado por seu pastor de infância, Rev. David Leitzel, segundo o veículo.
“O caso de Joseph Corcoran foi revisado repetidamente nos últimos 25 anos – incluindo sete vezes pela Suprema Corte de Indiana e três vezes pela Suprema Corte dos Estados Unidos, a mais recente nesta semana. A sentença nunca foi anulada e foi executada conforme ordenado pelo tribunal”, afirmou o governador Eric Holcomb, em um comunicado.
A Suprema Corte dos EUA se recusou na terça-feira (17) a interromper a execução. Não houve divergências registradas e, conforme é típico em casos de emergência, o tribunal não forneceu nenhuma fundamentação.
Condição psicológica do executado
Os advogados de Corcoran argumentaram em autos judiciais que o condenar à morte violaria a Oitava e a Décima Quarta Emendas porque ele sofre há muito tempo de esquizofrenia paranoica.
Ele teve alucinações auditivas e delírios, acreditando falsamente que os guardas da prisão o torturavam usando ondas sonoras, notaram.
O condenado não tinha uma compreensão racional da situação, argumentaram, apesar das próprias declarações escritas do preso indicando que ele queria que sua execução prosseguisse.
A Suprema Corte de Indiana e um juiz do Tribunal Distrital dos EUA, no norte do estado, também não foram convencidos pelos argumentos dos advogados.
Corcoran foi condenado pelo assassinato doirmão, James Corcoran; o noivo de sua irmã, Robert Scott Turner; assim como Timothy Bricker e Douglas Stillwell.
Um apelo de última hora de sua esposa, Tahina Corcoran, ao governador não foi respondido.
“Conheço bem meu marido e sei que ele sofre de esquizofrenia paranoica. E eu só quero usar esse tempo para pedir ao governador que, por favor, comute a sentença de Joseph e lhe dê prisão perpétua, mas não o execute”, expressou Tahina à Associated Press na terça-feira (17).
A execução acontece cerca de seis meses depois que o governador anunciou que o estado tinha “após anos de esforço”, obtido a droga pentobarbital, permitindo que retomasse a pena de morte pela primeira vez desde 2009.
Várias jurisdições têm confiado no sedativo para realizar injeções letais nos últimos anos, enquanto os estados lutam para obter as drogas usadas anteriormente. Empresas farmacêuticas que se opõem à pena de morte proibiram o uso de seus produtos para execuções.
Irmã do assassino se opõe à execução
A irmã de Corcoran, Kelly Ernst – que também era irmã da vítima James Corcoran e noiva de Turner – se opôs à execução e à pena de morte de forma mais ampla, falando à Associated Press que acredita que a doença mental grave do irmão é “bastante óbvia”.
“Eu meio que sinto que não existe encerramento”, afirmou Ernst, 56. “Eu simplesmente não sei mais o que dizer. Não durmo há semanas”.
A CNN entrou em contato com ela para comentar.
Adam Bricker, irmão da vítima Timothy Bricker, contou à CNN que não tinha uma opinião muito forte se o condenado deveria ser executado ou passar o resto da vida na prisão.
Mas gostaria que o assunto fosse levado a uma conclusão após suportar anos de cobertura intermitente de notícias sobre o caso, o que reacende a dor de sua família.
Como funciona a execução no estado
Indiana é um dos dois estados com pena de morte que não permite que repórteres testemunhem uma execução, conforme o Death Penalty Information Center.
A lei estadual indica que os presentes podem incluir agentes penitenciários, o conselheiro espiritual do condenado, até cinco amigos ou parentes do preso e até oito membros da família imediata da vítima ou das vítimas.
Grupos de mídia locais condenaram a decisão em uma carta ao governador.
Em outros estados, testemunhas da mídia geralmente agem como monitores públicos neutros, relatando detalhes de uma execução ao público.
Isso pode ocasionalmente significar relatos de execuções que violam o protocolo de um estado — uma responsabilidade particularmente importante quando contradizem a caracterização dos eventos por autoridades.
Histórico de doença mental
Na época dos assassinatos, Corcoran estava estressado porque o casamento iminente de sua irmã exigiria que ele saísse de casa, consta um resumo do caso incluído na decisão da Suprema Corte de Indiana neste mês.
O condenado — que a AP relatou ter sido acusado, mas absolvido, dos assassinatos de seus pais em 1992 — acordou uma tarde e supostamente ouviu seu irmão e os outros homens falando sobre ele, conforme o resumo, e ele atirou fatalmente em todos os quatro com um rifle.
As evidências da doença mental são anteriores aos assassinatos, alegaram os advogados em uma apelação no tribunal federal este mês, citando testemunhas que se lembravam dele falando com pessoas que não estavam presentes ou casos em que ele insistiu erroneamente que as pessoas estavam falando sobre ele.
A defesa afirmou que ele nunca deveria ter sido julgado. Mas seus dois advogados na época não perceberam a extensão de sua doença mental, escreveram em novos depoimentos, e não solicitaram uma audiência de competência.
Quando seus advogados tentaram entrar com um recurso pós-condenação, Corcoran inicialmente se recusou a assiná-lo, uma decisão que na época impediu sua revisão.
Sua defesa argumentou em uma audiência de 2003 que o réu era incompetente e apresentaram depoimentos de três especialistas em saúde mental, cada um dos quais o diagnosticou com esquizofrenia paranoide.
O tribunal considerou que o acusado era competente para renunciar a seus recursos e, embora o preso mais tarde mudasse de ideia, era tarde demais. A petição foi rejeitada.
A doença de Corcoran não havia melhorado nas últimas duas décadas e provou ser resistente às tentativas de medicação do Departamento de Correções de Indiana, relataram os advogados.
Ainda assim, a Suprema Corte estadual decidiu neste mês que a defesa não conseguiu provar que algo mudou desde que o preso foi considerado competente.
Um juiz federal determinou de forma semelhante que a alegação de que ele era incompetente para execução não tinha mérito.
Ambos os tribunais apontaram em parte para uma declaração juramentada recente apresentada ao tribunal superior do estado, na qual Corcoran escreveu que queria abandonar seus recursos e alegou que entendia as consequências de ser executado.
Mas os advogados argumentaram que essa declaração juramentada não era confiável, citando outro psiquiatra que determinou que os escritos do preso — embora parecessem lógicos — estão vinculados a seus delírios.
“Não é razoável permitir que os loucos determinem sua própria competência”, escreveu a defesa.