A Rússia pode, “definitivamente”, trabalhar com o governo de Donald Trump, disse o vice-ministro das Relações Exteriores Sergei Ryabkov nesta quarta-feira (18).
Ryabkov reiterou as acusações da Rússia de que ações “imprudentes” do Ocidente aumentaram o risco de guerra nuclear e classificou a segurança global como deprimente. O país, segundo o vice-ministro, quer reduzir o potencial de conflito.
“Gerenciar esta crise e chegar a um terreno menos instável do que agora deve ser colocado na agenda de discussões hipotéticas com os americanos”, afirmou Ryabkov em um painel de discussão.
“É possível trabalhar com a administração Trump? É definitivamente possível”, respondeu quando questionado sobre o assunto.
Seus comentários são o sinal mais recente de que o Kremlin, assim que Trump assumir o cargo, espera uma melhora nos laços bilaterais com os EUA, que, segundo autoridades russas, estão “abaixo de zero”.
O presidente Vladimir Putin pontuou no mês passado que os comentários do republicano sobre o fim da guerra na Ucrânia — que Trump disse que poderia interromper muito rapidamente, mas sem explicar como — mereciam atenção.
Ryabkov ressaltou, entretanto, que nenhum contato de qualquer tipo ocorreu até agora entre a Rússia e a nova equipe de Trump.
Entenda a guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin.
Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.
Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.