O Observatório das Prisões da Venezuela denunciou a morte de Osgual Alexander González Pérez, que, segundo a organização, foi detido durante os protestos após as eleições presidenciais de julho.
Segundo a entidade, González é a terceira pessoa a morrer sob custódia das autoridades venezuelanas, em meio a denúncias de prisões arbitrárias e más condições carcerárias. A organização acrescentou que ele seria o segundo em menos de 72 horas.
Ainda de acordo com o Observatório, o homem foi preso em 1º de agosto junto com o filho de 19 anos no estado de Lara. Ambos teriam sido levados ao Centro de Reclusão Judicial de Tocuyito, no estado de Carabobo.
González, que segundo o Observatório morreu no domingo (15), teve problemas de saúde na prisão. Segundo familiares citados pela entidade, ele recebeu atendimento médico “tardio”. Até a segunda-feira (16), a causa da morte de González era desconhecida.
O filho dele continua detido, pontuou a organização.
O Ministério Público venezuelano não respondeu ao pedido da CNN para comentar o caso.
O Observatório também informou que no dia 12 de dezembro outro detido nos protestos morreu na mesma prisão: Jesús Rafael Álvarez.
“Tendo em conta estas duas últimas mortes registadas na prisão de Tocuyito, solicitamos que esta prisão receba intervenção e que o Ministério Público e os órgãos competentes iniciem uma investigação criminal imediata, exaustiva e imparcial”, destacou a entidade em publicação no X.
Anteriormente, a oposição havia denunciado a morte de Jesús Manuel Martínez Medina, integrante do movimento de oposição Vente Venezuela e testemunha nas eleições de 28 de julho, preso em 2 de agosto e acusado de ter participado em acontecimentos violentos durante os protestos pós-eleitorais.
Neste caso, o Ministério Público confirmou a morte e disse que o homem estava internado devido a problemas de saúde.
Venezuela anuncia libertação de presos
Também na segunda-feira, o Ministério Público da Venezuela anunciou a libertação de 179 pessoas detidas após os protestos, elevando para 533 o total de libertações relacionadas com as manifestações pós-eleição, segundo um comunicado da instituição.
O número contrasta com os 155 que a organização Foro Penal tinha registado até 14 de dezembro.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.
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