Equipes de emergência procuravam sobreviventes nesta segunda-feira (16) e buscavam restabelecer os serviços em Mayotte, o território ultramarino mais pobre da França, onde centenas ou até milhares de pessoas podem ter morrido devido ao pior ciclone que atingiu as ilhas do Oceano Índico em quase um século.
O ciclone Chido devastou grande parte do arquipélago ao largo do leste da África no fim de semana com ventos de mais de 200 km/h, atingindo casas pelas encostas e cortando telefones, energia e água potável.
Com áreas ainda inacessíveis, o ministro interino do Interior da França, Bruno Retailleau, disse ao chegar à zona do desastre que levaria dias para descobrir a extensão total dos danos e das mortes.
“As imagens são apocalípticas. É um desastre, não sobrou nada”, afirmou à BFM TV uma enfermeira de terapia intensiva chamada Oceane no principal hospital da capital Mamoudzou.
O professor Hamada Ali disse à Reuters que as ruas estavam cobertas de lama e árvores, as pessoas estavam se abrigando nas escolas e a água engarrafada estava sendo usada para cozinhar.
“Vi uma pessoa ferida por um metal… As casas com telhados de chapa metálica foram varridas pelo ciclone. Há moradias precárias das quais não conseguimos ver o menor vestígio”, acrescentou.
Os moradores fizeram fila do lado de fora dos supermercados em busca de água e outros produtos básicos.
As comunicações foram interrompidas em grande parte do território, deixando os parentes de fora perguntando desesperadamente nas mídias sociais. “Preciso de uma atualização de Chiconi, por favor, meu irmão, minha cunhada e minha sobrinha estão lá e estou sem notícias desde sábado”, disse um deles.
O presidente francês Emmanuel Macron realizaria uma reunião de emergência sobre Mayotte ainda nesta segunda-feira (16). A ministra interina da saúde, Geneviève Darrieussecq, disse que o principal hospital de Mamoudzou estava mantendo as operações depois que as águas das enchentes foram removidas, enquanto uma clínica de campo seria montada e 100 médicos adicionais seriam enviados.
Mais de três quartos dos 321.000 habitantes de Mayotte vivem em relativa pobreza. De acordo com os números de 2021 da agência de estatísticas INSEE, Mayotte tem uma renda média anual disponível de pouco mais de 3.000 euros por habitante, cerca de oito vezes menos do que a região da Ilha de França, ao redor de Paris.