O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou cinco membros da família controladora do grupo 123 Milhas por crimes contra as relações de consumo, crime falimentar e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 30 anos de prisão.
As fraudes somam R$ 2,4 bilhões e atingiram mais de 800 mil credores, incluindo cerca de 500 mil clientes, na recuperação judicial da empresa. A denúncia, resultado da Operação Mapa de Milhas, aponta a venda de pacotes promocionais deficitários, blindagem patrimonial e lavagem de dinheiro como principais irregularidades.
O MPMG pede a condenação dos envolvidos, com penas de até 30 anos de prisão, além de reparação de danos materiais, estimados em R$ 1,1 bilhão, e pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
Fraudes
A “Linha Promo”, criada na Black Friday de 2021, era o centro do esquema, segundo as investigações conduzidas pelas 3ª e 14ª Promotorias de Justiça de Belo Horizonte, com apoio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
O produto oferecia a possibilidade de resgate futuro de passagens aéreas, mas o valor pago pelos clientes não era imediatamente convertido em bilhetes. Entre junho de 2022 e agosto de 2023, a “Linha Promo” acumulou um prejuízo de R$ 835 milhões, pois o custo de aquisição das passagens superava o valor pago pelos consumidores.
Mesmo cientes do prejuízo, de acordo com o MPMG, os acusados continuaram as operações enquanto se preparavam para a recuperação judicial, transferindo R$ 24 milhões para parentes, amigos e funcionários. O crime falimentar incluiu venda e ocultação de patrimônio, favorecimento de credores próximos e lavagem de dinheiro.
O MPMG identificou a distribuição indevida de R$ 26 milhões em dividendos, desvio de R$ 100 milhões por meio de uma holding não incluída na recuperação judicial e a aquisição da concorrente Max Milhas, administrada por uma holding ligada à família, para direcionar as receitas e evitar a recuperação judicial. Os acusados também lavaram mais de R$ 11 milhões através da empresa de publicidade Caeli. Atualmente, o grupo 123 Milhas opera com as empresas 123 Viagens e Max Milhas.
A CNN procura a defesa da 123 Milhas.
Relembre investigação
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com apoio da Polícia Civil do estado, deflagrou a operação Mapa de Milhas para cumprir 17 mandados de busca e apreensão no endereço de pessoas físicas e jurídicas, no município de Belo Horizonte.
A investigação é conduzida pela 14ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Capital, com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Central) e do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet).
Saiba mais sobre operação que investigou crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.
Outro lado
A CNN entrou em contato com o Grupo 123milhas, que negou as acusações e práticas criminosas. Confira na íntegra.
Nota de Posicionamento – Grupo 123milhas
O Grupo 123milhas nega que tenha praticado qualquer crime ou que tenha agido de má-fé contra clientes, parceiros e fornecedores. Neste momento, o Grupo está focado em apresentar o seu plano de recuperação judicial no prazo estipulado pela Justiça. Desde o início, seus gestores têm contribuído com as autoridades, prestando as informações necessárias, em linha com os seus compromissos de transparência e de ética.
As empresas do Grupo 123 estão operando normalmente e têm como principal objetivo gerar recursos para honrar todos os compromissos financeiros com seus credores. Só nos últimos 14 meses, o Grupo 123milhas embarcou quase 3 milhões de pessoas. Diversos clientes do passado voltaram a fazer negócio, o que demonstra a confiança nos serviços prestados pelas empresas do grupo.