Pela primeira vez em mais de um ano, israelenses e palestinos sinalizaram novos esforços para chegar a um acordo de cessar-fogo.
O pacto também procura interromper os combates em Gaza e devolver a Israel alguns dos 100 reféns que continuam sendo mantidos no território palestino.
O otimismo cauteloso surge no momento em que Jake Sullivan, assessor de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mantém conversas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta quinta-feira (12), antes de prosseguir para o Egito e o Catar, co-mediadores do acordo.
Um diplomata ocidental na região explicou que um acordo israelense com o grupo militante palestino Hamas estava se formando, mas seria provavelmente limitado na sua resolução, envolvendo a libertação de apenas alguns reféns e uma breve pausa nas hostilidades.
Um alto funcionário do Hamas, Basem Naim, afirmou que as autoridades americanas teriam que aplicar “pressão real” para fazer com que Netanyahu aceite a proposta de trégua de 2 de julho e a resolução da ONU, a qual o Hamas declara ter aceitado sozinho.
A pausa no conflito seria a segunda tentativa desde o início da guerra, em outubro de 2023. O novo acordo de paz também permitiria a libertação de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
Mediação para trégua
Para discutir um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns, o chefe da agência de inteligência israelense Mossad, David Barnea, reuniu-se com o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, em Doha, na quarta-feira (11), contou uma fonte.
Israel Katz, ministro da Defesa israelense, expressou por telefone ao seu colega, Lloyd Austin que agora havia chances de um acordo que permitiria o retorno de todos os reféns, incluindo sete cidadãos americanos, apontou o gabinete de Katz.
Enquanto os dois lados mantiverem exigências que prejudiquem as negociações, qualquer proposta de trégua continuará sendo improvável.
O Hamas quer o fim da guerra antes que todos os reféns sejam libertos, enquanto Israel afirma que a guerra não terminará até que os reféns retornem e o Hamas não governe mais Gaza, ou seja, uma ameaça aos israelenses.
“Desde o primeiro dia de negociação, nossa decisão foi clara: o fim da guerra contra nosso povo e a troca de prisioneiros. Para isso acontecer, mostramos toda a flexibilidade e positividade necessárias e os mediadores são nossas testemunhas disso”, exclamou Naim à Reuters.
Entenda o conflito na Faixa de Gaza
Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.
O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.
Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.
A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.
A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertos.