Abu Mohammad al-Jolani, líder rebelde da Síria, disse que sua equipe está trabalhando com organizações internacionais para proteger possíveis locais de armas químicas, de acordo com uma declaração compartilhada com a Reuters nesta quarta-feira (10).
Jolani também afirmou que fechará as notórias prisões da era do regime de Bashar al-Assad e que trabalhará para se livrar dos serviços de segurança afiliados ao antigo governo.
A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, abordou as garantias de Jolani sobre os potenciais locais de armas químicas durante uma coletiva de imprensa.
“Acolhemos esse tipo de retórica, mas as ações também precisam corresponder às palavras”, advertiu Singh a repórteres, acrescentando: “Nosso foco é que essas armas químicas não caiam nas mãos erradas”.
Na semana passada, a ONU pontuou que a suposta destruição de armas químicas pela Síria não pôde ser verificada e, na segunda-feira (9), Israel ressaltou que atingiu áreas relacionadas a armas químicas do país.
Os EUA comentaram na segunda-feira que têm “boa fidelidade” sobre onde as armas químicas podem estar localizadas na Síria e estão trabalhando com seus parceiros para destruí-las.
O ex-presidente Bashar al-Assad concordou, sob ameaça de intervenção dos EUA, em entregar as armas químicas da Síria que ele havia usado contra seu próprio povo durante a guerra civil.
Entretanto, os EUA e outros países acreditam que ele mantinha um estoque secreto, com o regime sendo acusado de ataques químicos nos anos seguintes.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
Quem é a família de Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de meio século