A Força de Observação de Desengajamento das Nações Unidas (UNDOF) disse a Israel que a presença de tropas do país na área desmilitarizada síria violaria o Acordo de Desengajamento de 1974, disse o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, nesta segunda-feira (9).
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no domingo (8) que havia ordenado que os militares “assumissem o controle” da área desmilitarizada, que separa as Colinas de Golã ocupadas por Israel do resto da Síria.
A ONU confirmou que as tropas israelenses entraram nessa área e estão se movendo por ela, onde permanecem em pelo menos três locais, de acordo com Dujarric.
“Não deve haver forças ou atividades militares na área de separação”, advertiu.
Dujarric também ressaltou que os agentes da UNDOF, que têm a tarefa de manter um cessar-fogo entre Israel e a Síria e supervisionar as áreas de separação e limitação, permanecem em suas posições e estão realizando suas atividades obrigatórias.
“Atualmente, a situação na área de operações da UNDOF é relativamente calma”, pontuou.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
Quem é a família de Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de meio século