O líder de punho de ferro da Síria, Bashar al-Assad, é a segunda geração de uma dinastia familiar autocrática que manteve o poder por mais de cinco décadas.
Seu desaparecimento em meio a um avanço rebelde relâmpago sinaliza uma surpreendente reorganização do poder em uma nação vital do Oriente Médio.
Assad é conhecido por um governo brutal sobre a Síria, atingida desde 2011 por uma guerra civil que devastou o país e o transformou em um terreno fértil para o grupo extremista Estado Islâmico.
Ao mesmo tempo, desencadeou uma guerra que gerou uma crise de refugiados que viu milhões de pessoas deslocadas de suas casas.
Governo familiar: Assad assumiu o poder em uma eleição sem oposição em 2000 após a morte do pai, Hafez al-Assad, que saiu da pobreza para liderar o Partido Baath e tomou o poder em 1970, tornando-se presidente do país no ano seguinte.
Como o filho que o sucedeu, Hafez al-Assad tolerou pouca dissidência com opressão generalizada e surtos periódicos de extrema violência estatal.
Como um segundo filho não preparado para assumir o manto do pai, Assad estudou oftalmologia em Londres até que seu irmão mais velho, Bassel, que havia sido preparado para suceder Hafez, morreu em um acidente de carro em 1994.
Bashar al-Assad foi então lançado aos holofotes nacionais e estudou ciência militar, tornando-se mais tarde coronel do exército sírio.
Primavera Árabe para guerra civil: as esperanças ocidentais de uma Síria mais moderada sob Assad afundaram quando ele manteve prontamente os laços tradicionais de seu país com grupos militantes, como Hamas e Hezbollah.
Eles então se voltaram para a condenação total do regime depois que ele enfrentou a onda pró-democracia de 2011 com força brutal.
A Síria então mergulhou na guerra civil que dura desde então e culminou nos eventos desta semana.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.