A expectativa dos líderes envolvidos no acordo entre a União Europeia e o Mercosul é de que o fim das negociações, anunciado nesta sexta-feira (6), leve a um tratado que vá muito além do comércio de bens e serviços. As autoridades querem mandar um recado de cooperação diplomática num mundo cada vez mais conflagrado.
Ao assumir o púlpito em Montevidéu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou um recado de otimismo aos instrumentos de cooperação internacional.
“Em um mundo cada vez mais conflituoso, demonstramos que democracias podem confiar umas nas outras. Esse acordo não é apenas uma oportunidade econômica. É uma necessidade política”, disse a líder europeia.
A afirmação é uma resposta à tendência isolacionista que tem conquistado cada vez mais espaço nas nações europeias e que se consolidou com a volta de Donald Trump à Casa Branca.
O primeiro mandato do republicano foi marcado pelo início de uma guerra comercial com a China que continua até hoje.
Agora, Trump promete impor tarifas de importação até contra aliados históricos, como o México, o Canadá e os países do bloco europeu.
O acordo também é importante para a projeção do Mercosul no cenário internacional. Caso saia do papel, a aliança vai representar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. E as transformações vão forçar uma integração até aqui inédita dentro do próprio bloco. A expectativa do Palácio do Itamaraty é de que o Brasil assuma o protagonismo em todo o processo, liderando a diplomacia da região.
Para garantir a relevância do Mercosul, entretanto , ainda é necessário combater as vozes divergentes dentro do próprio grupo.
O presidente argentino, Javier Milei, afirmou nas reuniões da cúpula nesta sexta-feira que o bloco é uma “prisão” e um “empecilho para o progresso dos argentinos”.
Já o Uruguai, por outro lado, tentou nos últimos anos fechar, sozinho, um acordo de livre-comércio com a China. o que, hoje, seria proibido pelas regras do Mercosul.