O regime do presidente da Síria, Bashar al-Assad, pode não resistir à ofensiva rebelde, a menos que a Rússia forneça apoio militar rápido e significativo, de acordo com Neil Quilliam, membro associado da Chatham House, uma organização britânica que promove melhor compreensão dos principais assuntos políticos internacionais.
“É bem improvável que o regime consiga sobreviver sem um envolvimento russo em grande escala. À medida que o HTS (Hayat Tahrir al-Sham) e outras forças atacam Damasco, a perspectiva de que isso aconteça é muito pequena”, declarou Quilliam à CNN.
“O regime deve lutar mais em Damasco do que em Aleppo e Hama, mas o controle está atualmente com o HTS e outros grupos – todos eles altamente motivados e com a intenção de tirar Assad do poder”, continuou.
Embora a Rússia tenha lançado ataques aéreos contra o reduto rebelde de Idlib e contra a cidade de Aleppo, também capturada por insurgentes, Quilliam afirmou que a Rússia demonstrou apoio “mínimo” ao presidente sírio até agora.
“É uma surpresa que a intervenção da Rússia até agora tenha sido mínima, dado o nível do seu envolvimento em 2015″, destacou.
Dado que os militares russos estão “sobrecarregados na guerra contra a Ucrânia”, Quilliam acrescentou que parece que Moscou “não tem capacidade para ajudar o regime de Assad desta vez”.
Na quinta-feira (5), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, pontuou que Moscou “decidirá sobre a ajuda militar dependendo de como a situação evoluir” na Síria.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.