O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken, devem discutir sobre a guerra na Ucrânia nesta quinta-feira (5), em uma reunião anual da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em Malta.
Apesar do tema guerra na Ucrânia ser dominante, a reunião também deve aprovar formalmente acordos feitos de última hora que abrangem questões como cargos de alto escalão na OSCE.
Onde as potências ocidentais acusam frequentemente a Rússia de desrespeitar os direitos humanos e outras normas internacionais.
Mas a decisão anual mais importante da organização – qual país será o próximo a ocupar a presidência rotativa anual – já está definida.
A Finlândia assumirá no 50º aniversário da Ata Final de Helsinque, que estabeleceu as bases da atual OSCE.
O encontro de ministros das Relações Exteriores e outras autoridades de 57 estados participantes da América do Norte, Europa e Ásia Central foi ofuscado este ano pelo retorno do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, cujos assessores estão apresentando propostas para acabar com a guerra que cederia grande parte da Ucrânia à Rússia.
Com a posse de Trump se aproximando, as potências ocidentais planejam reiterar seu apoio à Ucrânia, enquanto a Rússia provavelmente renovará suas críticas à organização.
Lavrov afirmou no ano passado que a organização estava “sendo essencialmente transformada em um apêndice da Otan e da União Europeia”.
Esta é a primeira viagem do ministro russo à União Europeia desde que a Rússia lançou uma invasão em grande escala à Ucrânia em fevereiro de 2022.
A OSCE é a sucessora de uma organização criada durante a Guerra Fria para que o leste e o oeste se relacionassem entre si. Porém, nos últimos anos, e especialmente desde a invasão, o governo russo tem usado o que é efetivamente um veto que cada país tem para bloquear decisões importantes, muitas vezes prejudicando a organização.
Este ano, no entanto, os países que estão bloqueando o acordo sobre o orçamento da OSCE são a Armênia e o Azerbaijão, e não a Rússia, relataram diplomatas, devido a questões relacionadas ao conflito no território disputado de Nagorno-Karabakh.
Diplomatas contam que nesta semana um acordo foi firmado para preencher os quatro cargos seniores da OSCE, incluindo o de secretário-geral, que será ocupado por Feridun Sinirlioglu, da Turquia, que foi ministro das Relações Exteriores em um governo interino em 2015.
Entenda a Guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin. Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada.
A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.
Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.