As mortes de seis reféns israelenses cujos corpos foram recuperados na Faixa de Gaza em agosto provavelmente estão ligadas a um ataque aéreo de Israel contra o Hamas perto de onde estavam sendo mantidos, disseram os militares nesta quarta-feira (4).
“Na época do ataque, os militares não tinham informações, nem mesmo uma suspeita, de que os reféns estavam no complexo subterrâneo ou em suas proximidades”, afirmaram os militares em uma declaração sobre a investigação das mortes.
“Se tais informações estivessem disponíveis, o ataque não teria sido realizado”, adicionaram.
A nota ressalta que era “altamente provável que suas mortes estivessem relacionadas ao ataque perto do local onde estavam mantidos“, embora as circunstâncias exatas ainda não estivessem claras.
Israel analisa circunstâncias das mortes
Os militares comentaram que o ataque aéreo ocorreu em fevereiro, enquanto os corpos dos reféns foram recuperados no final de agosto.
O cenário mais plausível era que eles foram baleados na época do ataque. Também era possível que eles já tivessem sido mortos, ou que tenham sido baleados depois de mortos.
“Devido ao longo tempo que passou, não foi possível determinar claramente a causa da morte dos reféns ou o momento exato dos tiros”, pontuaram.
Um oficial militar israelense afirmou em um briefing que uma mudança que os militares implementaram desde que os corpos dos reféns foram recuperados em agosto é garantir que as pessoas capturadas não estejam nas proximidades antes de ordenarem um ataque.
O oficial ressaltou que o entendimento dos militares era que combatentes “foram mortos por efeitos secundários do nosso ataque”, como falta de oxigênio, mas que muitos detalhes do caso não puderam ser totalmente confirmados.
O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, que luta pelo retorno das pessoas que ainda estariam presas em Gaza, disse que as descobertas “servem como mais uma prova de que as vidas dos reféns enfrentam perigo constante e diário” e que p tempo é essencial.
Entenda o conflito na Faixa de Gaza
Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.
O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.
Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.
A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.
A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados.