Um colapso do cessar-fogo no Líbano seria “catastrófico” para as pessoas que retornam para casa, disse o Alto Comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, nesta terça-feira (3).
Grandi fez a declaração enquanto Israel ameaçava retornar à guerra no Líbano se a trégua com o Hezbollah fracassasse, e afirmou que desta vez os ataques seriam mais profundos e teriam como alvo o próprio estado libanês.
O cessar-fogo mediado pelos EUA entre Israel e o Hezbollah pretendia permitir que as pessoas em ambos os países começassem a retornar para suas casas em áreas de fronteira destruídas por 14 meses de combates.
De acordo com a ONU, aproximadamente 473 mil pessoas cruzaram do Líbano para a Síria devido ao conflito.
Apesar da trégua da semana passada, as forças israelenses continuaram os ataques contra o que eles dizem ser combatentes do Hezbollah, ignorando o acordo para recuar e interromper os ataques.
Na segunda-feira (2), o Hezbollah bombardeou um posto militar israelense, enquanto autoridades libanesas disseram que pelo menos 12 pessoas foram mortas em ataques aéreos de Israel no Líbano.
“Os eventos das últimas horas lançam dúvidas sobre a sustentabilidade desses retornos e dessa situação”, disse Grandi durante uma conferência de doadores em Genebra.
A declaração foi feita depois que combatentes da oposição realizaram uma ofensiva surpresa em cidades controladas pelo governo na semana passada na Síria.
“Uma reversão completa da decisão de cessar-fogo seria realmente catastrófica, porque é claro que no momento a situação na Síria também é preocupante”, ele acrescentou.
O ataque no noroeste da Síria foi lançado na semana passada, no dia em que Israel e o grupo armado Hezbollah começaram uma trégua.
Pelo menos 44 civis, incluindo 12 crianças e sete mulheres, foram mortos na região síria de 26 de novembro a 1º de dezembro e mais de 48.500 pessoas foram deslocadas.
Infraestrutura essencial também foi danificada nas hostilidades crescentes entre rebeldes sírios e forças governamentais, disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) na segunda-feira (2).
Grandi disse que sua agência estava se preparando para mais deslocamentos dentro da Síria.
O ACNUR busca quase US$ 11 bilhões em financiamento para 2025, ele acrescentou.
“Em meus mais de 40 anos trabalhando em crise, dificilmente vi tal acúmulo de desafios diferentes”, afirmou Grandi.
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