Ataques militares israelenses mataram pelo menos 21 palestinos na Faixa de Gaza na quinta-feira (28), segundo médicos. As forças intensificaram a ofensiva nas áreas centrais e os tanques avançam mais para o norte e o sul do enclave.
A escalada ocorreu um dia após Israel e Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã, começarem um cessar-fogo no Líbano. A trégua encerrou mais de um ano de hostilidades e aumentou as esperanças entre os palestinos em Gaza por um acordo semelhante com o Hamas, que governa o enclave.
Seis pessoas foram mortas em dois ataques aéreos separados contra uma casa e perto do hospital de Kamal Adwan em Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, enquanto outras quatro morreram quando disparos atingiram uma motocicleta em Khan Younis, no sul.
Em Nuseirat, um dos oito campos de refugiados históricos de Gaza, aviões israelenses realizaram vários ataques aéreos, destruindo um prédio de vários andares e atingindo estradas do lado de fora de mesquitas. Pelo menos sete foram mortos nesses bombardeios, disseram autoridades de saúde.
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Médicos afirmaram que pelo menos duas pessoas, uma mulher e uma criança, foram mortas em bombardeios de tanques que atingiram áreas ocidentais de Nuseirat, enquanto um ataque aéreo matou outras cinco pessoas em uma casa próxima.
Em Rafah, perto da fronteira com o Egito, os tanques avançam cada vez mais para a área noroeste da cidade, disseram moradores.
Não houve nenhum comentário israelense sobre os últimos conflitos.
A campanha de 13 meses de Israel em Gaza, com a intenção declarada de erradicar militantes do Hamas, matou quase 44.200 pessoas e deslocou quase toda a população do enclave pelo menos uma vez, dizem autoridades de Gaza. Vastas faixas do território estão em ruínas.
A guerra foi lançada em resposta a um ataque de combatentes liderados pelo Hamas que mataram cerca de 1.200 pessoas e capturaram mais de 250 reféns em Israel em 7 de outubro de 2023, disse Israel.
Esperanças de cessar-fogo em Gaza
Meses de esforços para negociar um cessar-fogo renderam escasso progresso, e as negociações estão agora em espera. O mediador Qatar suspendeu seus esforços até que os lados estejam preparados para fazer concessões.
Uma trégua no conflito paralelo entre Israel e o Hezbollah, aliado libanês do Hamas, entrou em vigor antes do amanhecer de quarta-feira (27), pondo fim às hostilidades que haviam aumentado drasticamente nos últimos meses e ofuscado o conflito em Gaza.
Ao anunciar o acordo com o Líbano na terça-feira (26), o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que agora renovaria sua pressão por um acordo ilusório em Gaza, pedindo a Israel e ao Hamas que aproveitem o momento.
A trégua no Líbano tornou o sentimento de desespero e abandono ainda mais agudo entre os 2,3 milhões de habitantes de Gaza.
“Espero que aconteça um cessar-fogo como aconteceu no Líbano… Só quero levar meus filhos para ver minha terra, minha casa, para ver o que eles fizeram conosco. Quero viver em segurança”, disse Amal Abu Hmeid, uma mulher deslocada em Gaza.
“Se Deus quiser, teremos uma trégua”, disse ela, sentada no pátio de uma escola que abriga famílias deslocadas em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.
O pátio estava cheio de terra e água de onde as pessoas lavavam suas roupas. As peças eram arejadas do lado de fora das salas de aula enquanto as crianças brincavam por perto.
“(A vida) era linda (antes da guerra)… Agora não há nada de lindo, tudo se foi. Nossas casas se foram, nossos irmãos se foram, e não sobrou ninguém. Agora mal conseguimos… uma refeição por dia. Não conseguimos nem pão”, disse Abu Hmeid à Reuters.