Um possível acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah dificilmente ameaçará a estabilidade geral do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, disse Yohanan Plesner, presidente do Instituto de Democracia de Israel (IDI), em Jerusalém, à CNN Internacional, acrescentando que seria “uma espécie de vitória política”.
“Dentro do governo, Netanyahu parece estar em terreno sólido”, avaliou Plesner, acrescentando que os ministros de extrema direita, muitos dos quais se opõem a um acordo com o grupo libanês, “não devem deixar o governo se ele for aprovado”.
Uma pesquisa publicada pelo IDI neste mês mostrou que os israelenses estavam profundamente divididos sobre o conflito no Líbano, com 46% preferindo a continuação da guerra com o Hezbollah e 46,5% apoiando um acordo diplomático com o grupo.
O líder israelense pode, no entanto, precisar reforçar sua popularidade entre a direita se o acordo for assinado, destacou Plesner.
“Netanyahu deve lidar com o fato de que uma grande maioria de seus apoiadores à direita (72%) quer que o combate com o Hezbollah continue, com apenas 22% apoiando um acordo diplomático”, ressaltou à CNN.
O ministro da Segurança Nacional de extrema direita Itamar Ben Gvir estava entre aqueles que se opuseram fortemente a um acordo, afirmando que seria um erro histórico.
“Embora esses números provavelmente não ameacem a estabilidade geral do governo, eles indicam que Netanyahu — que está sempre bem sintonizado com sua base política — provavelmente buscará reforçar seu flanco direito nos dias e semanas após o acordo entrar em vigor”, concluiu Plesner.
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Israel lançou uma grande ofensiva aérea e terrestre contra o grupo Hezbollah no Líbano no final de setembro. Assim como o Hamas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica são grupos radicais financiados pelo Irã, e, portanto, inimigos de Israel.
Os bombardeios no Líbano se intensificaram nos últimos meses, causando destruição e obrigando mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra. O conflito entre Israel e o Hezbollah já deixou dezenas de mortos no território libanês.
Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.
Desde então, mais de 43 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva israelense, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino.
Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.
Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.
No momento, as negociações por tréguas estão travadas tanto no Líbano, quanto na Faixa de Gaza.
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