A missão das Nações Unidas no Afeganistão afirmou na terça-feira (26) que o Talibã, desde sua tomada de poder há três anos, deteve arbitrariamente jornalistas por 256 vezes e pediu às autoridades que protejam a mídia.
Em uma resposta ao relatório, o Ministério das Relações Exteriores liderado pelo Talibã negou ter preso esse número de jornalistas e afirmou que aqueles que foram detidos haviam cometido crimes.
Jornalistas no Afeganistão trabalham em “condições desafiadoras”, disseram a missão da ONU (UNAMA) e o Escritório de Direitos Humanos da ONU em uma declaração.
“Frequentemente, enfrentam regras pouco claras sobre o que podem e não podem reportar, correndo o risco de intimidação e detenção arbitrária por críticas percebidas”, disse Roza Otunbayeva, representante especial do Secretário-Geral da ONU António Guterres.
“Pedimos às autoridades de facto que garantam a segurança e proteção de todos os jornalistas e trabalhadores da mídia enquanto realizam suas funções, e que reconheçam plenamente a importância das mulheres no setor de mídia”, acrescentou.
Em sua resposta, o ministério afirmou que as mulheres continuam a trabalhar na mídia, sujeitas a certas condições para cumprir regras de moralidade religiosa, como cobrir o rosto e trabalhar separadas dos homens.
O ministério das Relações Exteriores do Talibã descreveu o relatório da ONU como “longe da realidade” e afirmou que as forças de segurança estão trabalhando para proteger os jornalistas. O ministério da Informação do Afeganistão não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O ministério das Relações Exteriores afirmou que o número de prisões foi “exagerado” e que as detenções ocorreram conforme a lei.
“Ninguém é preso arbitrariamente”, disse o ministério, listando as infrações cometidas pelos detidos.
Essas infrações incluíam incentivar as pessoas a agir contra o sistema, difamar o governo, fornecer relatórios falsos e infundados, colaborar com os inimigos do sistema na mídia e fornecer material para meios de comunicação contra o sistema, acrescentou.
O Talibã tomou o poder em 2021, com a retirada das forças estrangeiras, prometendo restaurar a segurança e impor sua interpretação rígida da lei islâmica.
O governo do Talibã não foi oficialmente reconhecido por nenhum governo estrangeiro, e diplomatas ocidentais afirmaram que o caminho para o reconhecimento está sendo retardado pelas restrições impostas pelo Talibã às mulheres.