As autoridades eleitorais do Alasca fecharam a última urna da eleição americana às três horas da manhã de quarta-feira (6), no horário de Brasília. Quatro horas e trinta minutos depois, a CNN cravou: Donald Trump seria o novo presidente dos Estados Unidos.
A rapidez na projeção — que depende da apuração oficial dos votos — não é a regra nos EUA. Em mais de uma ocasião, os americanos dormiram diversas noites sob a incerteza até descobrirem quem seria o próximo ocupante da Casa Branca. Em 2020, por exemplo, foram quatro dias.
Ainda assim, a agilidade registrada neste ano não representa uma mudança estrutural na contagem dos votos nos EUA. É apenas circunstancial, indicam os especialistas no tema.
Isso porque a projeção se confirmou após Trump abrir uma margem larga nos principais estados-pêndulo –– ele conquistou a maioria dos votos em pelo menos cinco dos colégios eleitorais em disputa, os outros dois (Arizona e Nevada) ainda estão em apuração, mas também indicam favoritismo do republicano.
Assim, mesmo dias antes do fim da contagem oficial dos votos, já era possível cravar matematicamente que uma virada da candidata democrata, Kamala Harris, não seria possível.
Ao mesmo tempo, alguns desses estados-chave para a eleição decidiram aprimorar a maneira como eles somam os votos. Foi o caso da Geórgia, que em 2020 foi alvo de contestação pelo então presidente, Donald Trump. Para garantir que a contagem não voltasse a ser questionada, as autoridades eleitorais do estado ampliaram a estrutura de apuração e ampliaram a equipe disponível.
“O grande fator pra rapidez na apuração foi o tipo de vitória que Donald Trump teve em estados-pêndulo, por uma ampla margem. Pode ter havido uma parcela pequena de mudanças estruturais, mas a principal explicação é circunstancial”, diz Leandro Consentino, cientista político e professor de Relações Internacionais do Insper.
Votação antecipada
Um terceiro fator que pode ajudar a explicar a rapidez nas projeção está no aumento do número de votos antecipados, entregues pelo correio ou presencialmente antes do dia da eleição. Foram 78 milhões de cédulas do tipo na eleição de 2024, um aumento de 44% em relação a 2020.
Ainda que a contagem desses votos só tenha começado no dia 5, essa mudança no comportamento do eleitorado pode ter facilitado a organização das cédulas e agilizado as projeções deste ano.
Ainda assim, não há evidências suficientes, por enquanto, de que a nova realidade do eleitorado tenha de fato interferido na velocidade das projeções, avalia Consentino.
O que acontece com as ações judiciais contra Trump, agora eleito?