Entre 1982 e 1997, o jogo do bicho, que surgiu como uma brincadeira originada no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, se estruturou como um dos negócios ilícitos mais lucrativos no estado.
A prática, que foi “institucionalizada” na cultura carioca, manteve quase duas décadas de paz e organização. Contudo, a morte do herdeiro da família Garcia, em 2004, abriu uma sequência de mortes e atentados na disputa pelo poder no Rio.
A partir da formação da cúpula do jogo do bicho, em meados dos anos 1980, a prática dos contraventores passou a ser regrada pelos próprios integrantes. O principal articulador deles, Capitão Guimarães, conseguiu organizar a cúpula e chegou a criar a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), que passou a integrar as escolas de samba que levavam consigo os principais nomes do jogo do bicho: Miro Garcia, Castor de Andrade, Capitão Guimarães, José Escafura e “Anísio” Abraão.
Veja quem são os principais nomes da história do jogo do bicho no RJ.
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Maninho Garcia é considerado um dos maiores contraventores da história do Jogo do Bicho. Ele foi assassinado em 2004. • Reprodução
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Ex-marido de uma das filhas de Maninho, o contraventor Bernardo Bello é acusado de “tomar” o poder e controle dos territórios da família Garcia • Reprodução
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Shana Garcia, filha de Maninho, é indicada como representante da família, que reivindica parte dos lucros de Bernardo Bello. • Reprodução
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Capitão Guimarães é apontado como aquele que “organizou” e disciplinou o comando do jogo do bicho, sendo o principal interlocutor da cúpula • Reprodução
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Conhecido como “Piruinha”, José Caruzzo é o mais velho entre os contraventores. Atualmente, o integrante da velha cúpula tem 94 anos. • Reprodução
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“Anísio” Abraão é um dos nomes fortes da Beija-Flor de Nilópolis, e indicado como um dos integrantes da cúpula do Jogo do Bicho. • Reprodução
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Relembre os casos de mortes
A disputa pelo poder nas ruas e comunidades do Rio de Janeiro, ao longo dos últimos 40 anos, traz consigo diversas histórias e conflitos entre diferentes famílias, que sucedem ao poder com a passagem de bastão entre patronos e herdeiros.
O comando da contravenção no Rio de Janeiro envolve nomes da “velha guarda” e herdeiros que se sucederam após diversos episódios, muitas vezes sangrentos, que contam a história de uma das práticas mais antigas da cultura carioca. Confira as disputas por família:
Família Garcia
Maninho Garcia, considerado como o filho preferido de Miro Garcia, o contraventor mais temido entre os bicheiros, foi criado para ser seu herdeiro no jogo do bicho.
Chamado até de Rei do Rio, Maninho assumiu o jogo do bicho após a morte de Tio Patinhas, seu padrinho, herdando parte do negócio de Angelo. Ele foi assassinado na porta de uma academia, em 2004, em um episódio que desencadeou diversas disputas violentas pelo poder no Rio de Janeiro.
O comando das áreas do “Seu Miro”, na zona norte, centro e sul da capital, foi herdado pelas netas Shanna e Tamara Garcia. Entre as irmãs, os maridos de ambas passaram a se tornar figuras centrais da disputa.
Shana foi casada com José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal. O ex-marido, apontado como o “operador” da família a partir da morte de Maninho, foi assassinado em um centro espírita em 2011. O ex-marido de Tamara, Bernardo Bello é acusado pela ex-cunhada de tomar posse dos territórios da família Garcia.
Em 2017, o caçula da família Myro Garcia (Myrinho) foi assassinado após um sequestro. Em 2017, Shana sofreu um atentado, no estacionamento de um shopping no Rio de Janeiro e afirmou que o evento seria planejado por Bernardo Bello.
Em 2020, Alcebíades Garcia, o Bid –filho de Miro Garcia– tentou reivindicar e reassumir os pontos de Maninho. O irmão do ex-rei do Rio, voltou do Norte do país para se colocar a frente dos negócios, como interlocutor com os apontadores do jogo, Ele foi assassinado em 2020.
Família Andrade
O primeiro episódio de morte entre a cúpula do jogo do bicho foi registrado em 1998. Na ocasião, o filho de Castor de Andrade e sucessor dos territórios, Paulo de Andrade, foi assassinado em uma emboscada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O episódio abriu uma disputa interna entre os Andrade, após o genro de Castor, Fernando Iggnácio, e o sobrinho, Rogério de Andrade, passarem a disputar o espólio do jogo.
A disputa de Fernando Iggnácio e Rogério de Andrade a partir da morte de Castor começou quando Rogério passou a mover os próprios negócios, e entrou em disputa territorial com Iggnácio.
A disputa foi acentuada. em 2010, quando Diogo Andrade, filho de Rogério, foi morto após um atentado. O jovem de 17 anos morreu após a explosão de uma bomba plantada em um Toyota Corolla da família. Iggnácio foi apontado como um dos principais suspeitos pela morte do filho de Rogério.
O desfecho dessa disputa culminou na morte de Fernando Iggnácio, em novembro de 2020. Ele foi assassinado no estacionamento de um heliponto no Recreio dos Bandeirantes. Segundo as investigações, a morte do genro de Castor foi encomendada.
O bicheiro Rogério de Andrade foi preso no Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (29). A prisão ocorre na investigação do homicídio de Fernando de Miranda Iggnacio.
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Rogério de Andrade chega à Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, após prisão • CNN
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Contraventor Rogério de Andrade, preso na manhã desta terça (29) • Reprodução/redes sociais
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Rogério de Andrade chega à Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, após prisão. • CNN
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Rogério de Andrade chega à Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, após prisão. • CNN
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Rogério de Andrade chega à Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, após prisão. • CNN
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
Família Escafura
Entre os Escafura, o representante da família e uma das figuras mais simbólicas do jogo do bicho, José Caruzzo, o Piruinha, continua à frente dos negócios conforme o Ministério Público.
Um dos filhos de Piruinha, Haylton Carlos, foi assassinado em 2017 em uma disputa por pontos de máquinas de caça-níquel. A família é apontada como controladora de pontos na Zona Norte, principalmente em Madureira.