Os Estados Unidos disseram pela primeira vez nesta quarta-feira (23) que viram evidências de que a Coreia do Norte enviou 3 mil tropas para a Rússia para possível implantação na Ucrânia, um movimento que pode marcar uma escalada significativa na guerra.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse durante viagem a Roma que seria “muito, muito sério” se os norte-coreanos estivessem se preparando para lutar ao lado da Rússia na Ucrânia, como o governo ucraniano alega. Mas ele disse que ainda não se sabe o que eles farão.
“Há evidências de que há tropas da RPDC na Rússia”, disse Austin a repórteres, usando o nome formal da Coreia do Norte, República Popular Democrática da Coreia.
Mais tarde nesta quarta, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, afirmou que os Estados Unidos acreditam que pelo menos 3 mil tropas norte-coreanas estão passando por treinamento em três bases militares no leste da Rússia.
Os EUA determinaram que os soldados norte-coreanos foram transportados por navio no início ou meados de outubro da região de Wonsan, na Coreia do Norte, para a cidade de Vladivostok, no leste da Rússia, antes de serem levados para três locais de treinamento militar no leste do país, segundo Kirby.
“Se eles forem enviados para lutar contra a Ucrânia, eles são alvos justos. Eles são alvos justos e os militares ucranianos se defenderão contra os soldados norte-coreanos da mesma forma que estão se defendendo contra os soldados russos”, advertiu.
Em Seul, legisladores sul-coreanos afirmaram que a Coreia do Norte havia prometido fornecer um total de cerca de 10 mil tropas, cuja implantação deveria ser concluída até dezembro.
“Sinais de tropas sendo treinadas dentro da Coreia do Norte foram detectados em setembro e outubro”, comentou Park Sun-won, membro de um comitê de inteligência parlamentar.
Possível problema no Exército russo
Os Estados Unidos ponderaram que a suposta implantação de tropas da Coreia do Norte pode ser mais uma evidência de que os militares russos estavam tendo problemas com seu contingente.
O Kremlin já havia negado as acusações da Coreia do Sul sobre a implantação de tropas do Norte, dizendo que elas são “notícias falsas”. Um representante norte-coreano na ONU chamou isso de “rumores infundados” em uma reunião na segunda-feira (21).
Rússia e Coreia do Norte também negaram transferências de armas, mas prometeram fortalecer os laços militares e assinaram um tratado de defesa mútua em uma cúpula em junho.
O levantamento mais recente foi repassado depois que o Serviço Nacional de Inteligência de Seul disse na sexta-feira que o Norte havia enviado cerca de 1.500 militares das forças especiais para a Rússia por navio e que eles provavelmente seriam mobilizados para o combate na guerra na Ucrânia após treinamento e aclimatação.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também acusou a Coreia do Norte de se preparar para enviar 10 mil soldados para a Rússia. Na terça-feira (22), ele pediu que seus aliados respondessem às evidências do envolvimento norte-coreano na guerra da Rússia.
Os aliados da Otan, a aliança militar ocidental, estão consultando sobre o caso, segundo um porta-voz do bloco.
Um funcionário do governo dos Estados Unidos pontuou que Moscou pode enviar os norte-coreanos para o leste da Ucrânia ou para a região russa de Kursk, onde as tropas têm lutado para expulsar as forças ucranianas, que conquistaram parte da área.
Mike Turner, presidente do comitê de inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA, disse em uma declaração que o presidente dos EUA, Joe Biden, deve permitir que Kiev responda com armas fornecidas pelos EUA se as tropas norte-coreanas “atacarem a Ucrânia a partir do território russo”.
“Se as tropas norte-coreanas invadirem o território soberano da Ucrânia, os Estados Unidos precisam considerar seriamente tomar uma ação militar direta contra as tropas norte-coreanas”, acrescentou Turner.