Em resposta à CNN Brasil, Vladimir Putin, presidente da Rússia, afirmou que a proposta de paz de Brasil e China para a guerra na Ucrânia é “equilibrada” e que isso mostra que os países estão “agindo por si”.
Ele ressaltou que a Rússia não foi consultada pelos governos brasileiro e chinês, mesmo que o país seja “próximo” a essas nações, e que não sabe dos termos exatos do documento.
“Se isso é bom ou não, é outra questão, mas é um testemunho de que Brasil e China estão agindo por si, não nas mãos de alguém, incluindo as mãos da Rússia”, comentou.
“Eu considero que, em geral, são propostas equilibradas, voltadas para a busca de uma solução pacífica”, destacou.
Reforçando que só soube do documento quando ele se tornou público, pontuou que é “uma boa fundação para tentar achar uma solução pacífica”.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, havia criticado a proposta anteriormente. Sobre isso, o presidente da Rússia disse que “se Kiev gosta ou não da proposta, depende deles”.
Além disso, o líder afirmou que houve negociações com os ucranianos para o fim da guerra, mas que “eles” pararam com as conversas.
“Eu já disse, a parte ucraniana não considera a possibilidade de negociação, ela simplesmente faz exigências. Isso não é negociação”, alegou.
A CNN Brasil foi o único veículo de imprensa das Américas presente no encontro com o líder russo.
Plano de paz Brasil-China
Em maio, Brasil e China apresentaram uma série de medidas com o objetivo de “desescalar o conflito” na Ucrânia.
O texto propõe a negociação direta entre a Ucrânia e a Rússia a partir de três princípios: não expansão do campo de batalha; não escalada dos combates; e a não inflamação da situação.
O Itamaraty e a chancelaria chinesa ainda pedem pelo fim do bombardeamento da infraestrutura civil e determinação de uma zona segura entorno de usinas nucleares nos dois lados da fronteira.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a proposta de paz durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro.
“E quando a dupla chinesa-brasileira tenta crescer um coro de vozes — com alguém na Europa, com alguém na África, dizendo algo alternativo a uma paz plena e justa, surge a pergunta: qual é o verdadeiro interesse?”, indagou Zelensky.
No mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu que o trabalho para um acordo não é fácil, mas destacou que é necessário achar um “denominador comum” entre Rússia e Ucrânia.
“Há uma proposta da China que vem sendo elogiada por algumas pessoas junto com o Brasil e estamos dispostos a saber se os dois países estão interessados em conversar, porque, se os dois não quiserem, não tem conversa”, adicionou.