O Procon de Santa Catarina instaurou um processo administrativo contra o cirurgião plástico indiciado por lesão corporal gravíssima após erros cometidos durante a realização de procedimentos estéticos em Florianópolis. Ao todo, o médico teria feito ao menos 20 vítimas.
Segundo o órgão de defesa ao consumidor do estado, as vítimas recorreram à instituição após a neuropsicopedagoga Letícia Mello trazer seu caso à tona nas redes sociais e denunciar Marcelo Evandro dos Santos, médico responsável pelos procedimentos.
Em fevereiro deste ano, Letícia Mello procurou Marcelo para realizar uma cirurgia nas mamas e no abdômen. Cerca de alguns dias depois da cirurgia estética, seu corpo começou a sofrer queimaduras e a necrosar. Em decorrência da situação, Mello ficou 11 dias na UTI e mais de 2 meses internada, após ter o corpo deformado no procedimento.
“Tudo isso aconteceu em 20 dias. Foi assim que eu fui queimando, meu corpo necrosando. Foi tirada a pele da minha perna, foi feito um novo machucado para cobrir a pele da barriga e das costas. Procurei o cirurgião plástico para melhorar minha aparência física. Não fui avisada que foram 12 (procedimentos). Não foi explicado que cada região era considerada um procedimento. Não sabia o total de cirurgias. E não foi passado o que estava acontecendo comigo. Ele olhou e deu permissão à cirurgia”, revelou a vítima ao formalizar a denúncia ao Procon.
Na última segunda-feira (14), a Polícia Civil indiciou o cirurgião por lesão corporal gravíssima. Marcelo deve responder por causar queimaduras, bolhas, necrose e perda de tecido à neuropsicopedagoga.
De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), uma investigação foi instaurada para verificar a legalidade dessas cirurgias plásticas conhecidas como “X-Tudo” realizadas pelo médico. O método consiste em fazer cirurgias estéticas em várias partes do corpo ao mesmo tempo. O MPSC também irá acionar o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) com o objetivo de verificar a regularidade da atuação do médico.
Em uma rede social, o médico se apresenta como como “referência em mamas, abdome e lipo ugraft”.
Questionado, o CRM-SC informou que apura a conduta do profissional. “Devido a Resolução do Conselho Federal de Medicina, que exige que a investigação pelos CRMs, de qualquer caso envolvendo a atuação médica, ocorra de forma sigilosa, não será possível este Conselho fazer manifestações públicas sobre processos em tramitação envolvendo médicos”, concluiu, em nota.
Marcelo também é alvo de um processo criminal da morte de uma paciente em Curitiba, ocorrida em 2012, afirma o Procon.