Israel anunciou a morte de Yahya Sinwar, líder máximo do Hamas, nesta quinta-feira (17). Ele foi assassinado em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, na quarta-feira (16).
O caso é um marco na guerra de Gaza, podendo impactar a continuação do conflito — um novo líder pode retomar negociações por um cessar-fogo ou tentar intensificar as batalhas.
Além disso, a morte de Sinwar foi destaque na imprensa internacional e gerou reação de diversos líderes mundiais. Veja abaixo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que isso oferece uma chance de paz no Oriente Médio, mas alertou que a gurra não acabou.
“Hoje acertamos as contas. Hoje o mal foi desferido com um golpe, mas nossa tarefa ainda não foi concluída”, disse Netanyahu em um vídeo.
“Para as queridas famílias de reféns, eu digo: este é um momento importante na guerra. Continuaremos com força total até que todos os seus entes queridos, nossos entes queridos, estejam em casa”, concluiu.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, comentou que “este é um bom dia para Israel, para os Estados Unidos e para o mundo”.
“Existe agora a oportunidade para um ‘day after’ em Gaza sem o Hamas no poder, e para um acordo político que proporcione um futuro melhor tanto para israelenses como para palestinos. Yahya Sinwar foi um obstáculo intransponível para alcançar todos esses objetivos. Esse obstáculo não existe mais. Mas ainda há muito trabalho pela frente”, adicionou.
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, pontuou que “justiça foi feita” com a morte de Sinwar, que foi responsável, segundo a democrata, “pela morte de milhares de pessoas inocentes, incluindo as vítimas do 7 de outubro e os reféns mortos em Gaza.”
O novo secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental, Mark Rutte, disse pouco antes da confirmação da morte do líder do Hamas que “se ele morreu, eu, pessoalmente, não sentirei falta dele”.
Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que o assassinato “certamente está enfraquecendo significativamente o Hamas”.
Josep Borrell, chefe da Política Externa da União Europeia, ponderou que Yahya Sinwar era “um obstáculo para um cessar-fogo urgentemente necessário e para a libertação incondicional de todos os reféns”.
“Yahya Sinwar era um terrorista, listado pela UE, responsável pelo hediondo ataque de 7/10”, disse.
O chanceler da França, Jean-Noel Barrot, observou que o caso é um “golpe fatal” para o Hamas.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, destacou que a morte de Sinwar é “vitória militar e moral significativa para Israel e para todo o mundo livre em sua luta contra o eixo do islamismo radical liderado pelo Irã.”
O presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou que “agora, mais do que nunca, devemos agir de todas as maneiras possíveis para trazer de volta” os reféns que estão em Gaza.
Quem é Yahya Sinwar?
Figura de longa data no Hamas, Yahya Sinwar nasceu em 1962 em um campo de refugiados em Khan Younis, no sul de Gaza.
Ele foi responsável pela construção do braço militar do grupo antes de formar novos laços importantes com as potências árabes regionais como líder civil e político.
Sinwar foi eleito para o principal órgão de decisão do Hamas, o Politburo, em 2017, como líder político do Hamas em Gaza.
No entanto, desde então tornou-se o líder de fato do Politburo, de acordo com uma pesquisa do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR, na sigla em inglês).
Ele foi designado terrorista global pelo Departamento de Estado dos EUA desde 2015 e foi sancionado pelo Reino Unido e pela França.
Saiba mais sobre quem foi Yahya Sinwar através desta matéria.
Entenda o conflito na Faixa de Gaza
Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.
O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.
A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.
Após cerca de um ano do conflito, a população israelense saiu às ruas em protestos contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados.