A Coreia do Norte está se preparando para explodir estradas na fronteira com a Coreia do Sul, disse o governo sul-coreano nesta segunda-feira (14). A denúncia acontece em meio a tensão crescente depois que o Norte acusou o Sul de enviar drones para sua capital, Pyongyang.
O porta-voz militar da Coreia do Sul alegou que as tropas norte-coreanas estavam trabalhando sob camuflagem nas estradas do seu lado da fronteira perto das costas oeste e leste, o que provavelmente são preparativos para explodir as estradas, possivelmente já nesta segunda-feira.
A Coreia do Norte acusou a Coreia do Sul na sexta-feira (11) de enviar drones para espalhar um “grande número” de panfletos anti-Norte sobre Pyongyang, no que chamou de provocação política e militar que poderia levar a um conflito armado.
Lee Sung-jun, um porta-voz do Estado-Maior Conjunto do Sul, se recusou nesta segunda a responder perguntas sobre se os militares ou civis sul-coreanos pilotaram os drones.
Irmã de Kim Jong-un faz forte declaração
Em outra declaração inflamada visando a Coreia do Sul e os Estados Unidos, Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse nesta segunda-feira que os militares sul-coreanos são “claramente” culpados pelo caso envolvendo os drones, e que os EUA também devem ser responsabilizados.
“Se a soberania de um Estado com armas nucleares foi violada por vira-latas domesticados por ianques, o dono desses cães deve ser responsabilizado por isso”, comentou Jong, segundo a agência de notícias estatal KCNA, referindo-se à Coreia do Sul e aos EUA.
O Exército da Coreia do Norte afirmou na semana passada que “cortaria” completamente estradas e ferrovias conectadas à Coreia do Sul e fortificaria as áreas do seu lado da fronteira, informou a KCNA.
Artilharia em prontidão
A Coreia do Norte alertou no fim de semana sobre um “desastre horrível” se drones sul-coreanos fossem vistos voando novamente sobre Pyongyang.
No domingo (13), o país informou que colocou oito unidades de artilharia totalmente armadas na fronteira em prontidão para abrir fogo.
Os militares da Coreia do Sul explicaram que se recusaram a responder perguntas sobre os drones porque abordar as acusações norte-coranas seria o equivalente a “ser atraído para uma tática” do país vizinho para “fabricar desculpas para provocações”.
A Coreia do Sul tem buscado aumentar suas defesas antidrones desde 2022, segundo Lee Sung-jun, o porta-voz do Estado-Maior Conjunto do Sul, quando cinco drones norte-coreanos entraram em seu espaço aéreo e voaram sobre a capital Seul por várias horas.
Drones podem ser operados por civis, pondera especialista
Lee Kyoung-haing, especialista em operações militares de drones na Universidade Jungwon, ponderou que civis não teriam problemas para obter drones com alcance de 300 km, suficiente para a viagem de ida e volta entre os dois países, com cargas leves, como folhetos.
Ainda assim, outros especialistas ressaltam que, mesmo se os civis enviassem esses drones do Sul através da fronteira, poderia ter sido difícil fazer essa operação sem a permissão do governo.
De toda forma, é possível que as autoridades falharam em detectar e bloquear as aeronaves.
No domingo, o Ministério da Defesa da Coreia do Norte informou que os drones, que teriam sido detectados sobre Pyongyang em três dias no início deste mês, eram do tipo que exigia um lançador especial ou uma pista e era impossível para um grupo civil acioná-los.
As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra, depois que o conflito de 1950 a 1953 terminou em um armistício, não em um tratado de paz.
As ligações na fronteira são resquícios de períodos de reaproximação entre os países, incluindo uma cúpula de 2018, quando eles declararam que não haveria mais guerra e uma nova era de paz havia começado.
A Coreia do Norte reintroduziu armas pesadas na zona de proteção da fronteira da Zona Desmilitarizada e restaurou postos de guarda, depois que os lados declararam que um acordo militar de 2018 com o objetivo de aliviar as tensões não era mais válido.