O desempenho da Enel no trabalho de restabelecimento de energia do apagão da última sexta-feira (11) está pior do que no blecaute de novembro de 2023, segundo dados da Agência Reguladora dos Serviços Públicos do estado de São Paulo (ARSESP).
A informação foi revelada durante a coletiva de imprensa convocada com urgência pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizada na noite deste domingo (13) no escritório da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na capital paulista.
Na coletiva, o diretor presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos do estado de São Paulo (ARSESP) Thiago Mesquita Nunes, apresentou números preliminares que “preocupam” as agências.
“No evento de 3 de novembro [a Enel] demorou 24 horas para retomar o abastecimento de 60% dos consumidores interrompidos. Este mesmo patamar de 60% dessa vez foi atingido em 42 horas. São números que nos trazem uma preocupação”.
O diretor citou o plano de contingência apresentado pela Enel em setembro deste ano. Até o momento, as ações realizadas pela empresa italiana não correspondem ao plano aprovado.
“Nos preocupa a capacidade de mobilização da empresa neste momento e a velocidade do restabelecimento”, prosseguiu Thiago Nunes.
Segundo o representante da ARSESP, o plano de contingência apresentado pela Enel envolvia uma mobilização de 2.500 pessoas para fazer o restabelecimento do serviço em cenário de contingência extrema, equivalente ao de sexta-feira.
No entanto, apenas 1.700 funcionários da Enel estão em campo para solucionar o problema.
Enel não pagou multa do último apagão
Questionado sobre o desempenho da própria Aneel, o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, listou as medidas tomadas contra a Enel, entre elas a multa recorde de R$ 165 milhões, aplicada depois do apagão de novembro do ano passado.
Na ocasião, a empresa acionou a Justiça e foi liberada de pagar esta e uma multa anterior de R$ 95 milhões.
Agora, a Aneel disse que haverá uma nova intimação e que a Enel terá 60 dias para se manifestar ao órgão regulador.
Apesar das possíveis consequências para a distribuidora de energia, que também opera nos estados do Rio de Janeiro e Ceará, o representante da ARSESP ressaltou que “não é o momento de pensarmos em sanções” e que o foco agora é no restabelecimento.
Durante a coletiva, o presidente da Enel Guilherme Lencastre, que também estava presente, disse que não há previsão para o restabelecimento total do serviço.
Segundo dados da Defesa Civil e da própria Enel, o apagão ocorreu após um tempestade que deixou pelo menos sete mortos, com chuva de 20mm e ventos de até 107 km/h. Ao todo, mais de 2,1 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo ficaram no escuro e apenas 67% dos clientes tiveram a energia elétrica restabelecida até o fim da coletiva.
*Sob supervisão