O planeta Terra teve uma redução de 73% no tamanho médio das populações de vida selvagem monitoradas entre 1970 e 2020. A maior queda ocorreu nos ecossistemas de água doce (-85%), seguida pelos terrestres (-69%) e marinhos (-56%).
Estão em alerta para os chamados pontos de não retorno, quando a degradação é irreversível, o colapso da Floresta Amazônica e a morte em massa de recifes de corais, que têm repercussões globais, afetando a segurança alimentar e os meios de subsistência.
O Brasil pertence ao local que mais foi prejudicado ao longo dos anos, América Latina, onde houve uma queda média de 95% nas populações de vida selvagem. É que mostra um relatório publicado, nesta quarta-feira (9), pela WWF.
A principal causa dessa redução é a perda e degradação de habitats, impulsionada pelos sistemas alimentares, além de exploração, espécies invasoras e doenças. O relatório enfatiza que a deterioração das populações de vida selvagem é um alerta para o risco crescente de extinção e a possível perda de ecossistemas saudáveis.
“A perda de biodiversidade traz uma série de ameaças ao funcionamento dos ecossistemas e à qualidade de vida das pessoas. Sabemos que a contribuição de cada nação para as crises climáticas e ambientais é distinta, um grupo pequeno de nações é responsável pela maior parte do consumo que gera o desmatamento e a degradação ambiental e a emissão de gases efeito estufa”, aponta Helga Correa, especialista em Conservação do WWF-Brasil.
A degradação dos ecossistemas compromete benefícios essenciais para a humanidade, como ar limpo, água e solos férteis, tornando-os mais suscetíveis a mudanças substanciais e irreversíveis. O relatório é divulgado num momento em que os incêndios na Amazônia atingem seu nível mais alto em 14 anos.
Ainda há esperança
Também há casos de sucesso na conservação, como o aumento de 3% ao ano entre 2010 e 2016 da população de gorilas-das-montanhas nas montanhas Virunga, na África Oriental, e a recuperação das populações de bisão-europeu na Europa Central.
O estudo pede que os países implementem planos nacionais mais ambiciosos para a natureza e o clima, reduzam o consumo excessivo global, revertam a perda de biodiversidade e diminuam as emissões de forma equitativa.
“Embora a situação seja desesperadora, ainda não ultrapassamos o ponto de não retorno. Temos acordos globais e soluções para colocar a natureza no caminho da recuperação até 2030, mas até agora houve pouco progresso e falta de urgência. As decisões tomadas e as ações realizadas nos próximos cinco anos serão cruciais para o futuro da vida na Terra”, diz Kirsten Schuijt, Diretora Geral do WWF Internacional.
As próximas cúpulas internacionais de biodiversidade e clima – COP16 e COP29 – são vistas como oportunidades para aumentar os compromissos e ações necessárias. Lembrando que o Brasil sediará a COP 30.