O governo de Nicolás Maduro afirmou neste sábado (7) que decidiu revogar a custódia brasileira da embaixada da Argentina em Caracas por ter “provas” de que a instalação está sendo utilizada para o planejamento de “atividades terroristas” e de “tentativas de assassinato” de Maduro e da Vice-Presidente Delcy Rodríguez.
“A Venezuela se viu obrigada a tomar esta decisão motivada pelas provas que tem sobre o uso das instalações dessa missão diplomática para o planejamento de atividades terroristas e tentativas de assassinato de Nicolás Maduro e da Vice-Presidente Delcy Rodriguez pelos foragidos da Justiça venezuelana que permanecem dentro dela”, escreveu em comunicado a chancelaria venezuelana.
O comunicado se refere aos seis integrantes da equipe da líder opositora María Corina Machado que estão asilados na embaixada da Argentina em Caracas desde março, após ordens de prisão serem emitidos contra eles.
Apesar das tentativas da chanceler argentina Diana Mondino, o governo Maduro não concedeu o salvo-conduto para que os opositores saiam da Venezuela.
A chancelaria venezuelana informa ter tomado a decisão de revogar “imediatamente” a autorização para que o governo do Brasil assuma a representação dos interesses argentinos em seu território, assim como a custódia dos locais de sua missão diplomática, incluindo seus bens e arquivos
A Venezuela notificou formalmente o Brasil da decisão de retirar a autorização para que o Brasil cuidasse das instalações argentinas na manhã deste sábado (7). O Brasil respondeu oficialmente manifestando a necessidade de designação do país substituto antes de deixar de exercer esta função.
A posição do Itamaraty é que o Brasil somente deixará a representação dos interesses dos argentinos quando as chancelarias da Argentina e da Venezuela chegarem a um acordo para designar uma nova nação para fazê-lo.
O Brasil assumiu a representação dos interesses argentinos no país no início de agosto, após a Venezuela expulsar o corpo diplomático de Javier Milei do país, por alegações de fraude nas eleições.
A preocupação principal é com os seis opositores que estão asilados na residência da embaixada argentina em Caracas. Na noite de sexta, eles postaram vídeos de um cerco policial diante do local.
Na manhã deste sábado (7), eles ainda publicavam, nas redes sociais, vídeos de policiais e viaturas no local. “Estamos com a eletricidade cortada e os acessos à embaixada ocupados”, escreveu Magalli Meda, integrante da equipe da opositora María Corina Machado.
“Assim amanhece a sede da embaixada da Argentina em Caracas, rodeada por agentes do regime, encapuzados e armados”, escreveu a campanha do então candidato à presidência Edmundo González.
Os opositores também informam que os policiais impedem o acesso de jornalistas, apesar de a rua não estar bloqueada.